24/02/2014 - 14:09 | última atualização em 24/02/2014 - 15:31

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Desaparecido político, Fernando Santa Cruz é homenageado na OAB/RJ

redação da Tribuna do Advogado

A Comissão de Direitos Humanos (CDH) da OAB/RJ homenageou, sexta-feira, dia 21, o militante político Fernando Santa Cruz, um dos símbolos da resistência estudantil à ditadura militar. Fernando desapareceu em 23 de fevereiro de 1974, há quatro décadas portanto, três dias depois de ter completado 26 anos. O presidente do Conselho Federal, Marcus Vinícius Coelho, participou do evento, assim como o vice-presidente da OAB/RJ, Ronaldo Cramer, o presidente da Caarj, Marcello Oliveira, e o conselheiro federal pelo Rio de Janeiro e presidente da Comissão Estadual da Verdade, Wadih Damous, além de outras autoridades públicas.
 
A viúva de Fernando, Ana Santa Cruz, os irmãos e outros familiares do desaparecido político também estiveram presentes. "Para além de um militante pela democracia, para além de um idealista por um Brasil melhor, Fernando Santa Cruz era um cidadão, um ser humano. Era marido, pai, irmão e amigo, portanto uma pessoa cujo desaparecimento é uma perda política para o Brasil, e uma perda humana para todos os que o conheceram. A Ordem dos Advogados busca no dia a dia honrar esta luta, para que o Brasil seja efetivamente um país democrático", disse o presidente da OAB Nacional.
 
O presidente da CDH da Seccional, Marcelo Chalréo, lembrou que fez parte do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal Fluminense (UFF), que leva o nome do homenageado. "Apesar das circunstâncias, é uma honra presidir hoje uma atividade em homenagem a Fernando Santa Cruz, e também à toda a luta que travamos pela redemocratização do país", afirmou Chalréo.
De passagem pelo Rio, no carnaval de 1974, Fernando saiu da casa do irmão Marcelo, para visitar amigos, e nunca mais foi visto
 
Na primeira parte da homenagem, foi feito um resgate histórico, com familiares de Fernando Santa Cruz participando da mesa, em que foram relatados momentos da luta contra o regime autoritário. A homenagem foi estendida a Eduardo Collier, também desaparecido político, cujos familiares tomaram parte na solenidade.
 
Logo após, foi exibido um vídeo sobre Fernando, e em seguida foi instalada uma segunda mesa, em que foram abordadas as questões atuais da luta pela memória e pela verdade. A homenagem reuniu ainda representantes da Comissão Estadual da Verdade (CEV-RJ), do grupo Tortura Nunca Mais e do DCE Fernando Santa Cruz, da UFF. Na ocasião, foi relançado o livro Onde Está Meu Filho?, de 1985, escrito pelos jornalistas Chico de Assis, Cristina Tavares, Jodeval Duarte, Gilvandro Filho, Nagib Jorge Neto e Glória Brandão – em que é relatada a luta da mãe de Fernando, Elzita Santa Cruz, para descobrir o paradeiro do filho.
 
Natural de Olinda (PE), Fernando Santa Cruz participou do movimento estudantil secundarista e chegou a ser preso em 1967, em uma passeata contra o acordo MEC-Usaid. Depois, ele estruturou a Associação Recifense dos Estudantes Secundaristas e, já sob a égide do Ato Institucional nº 5 (AI-5), se mudou para o Rio de Janeiro, onde cursou direito na Faculdade Federal Fluminense e atuou no DCE. Em 1972, casado e com o filho recém-nascido, passou em concurso da Companhia de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo e se mudou para a capital paulista. De passagem pelo Rio, no carnaval de 1974, Fernando saiu da casa do irmão Marcelo, para visitar amigos, e nunca mais foi visto. Quando Fernando desapareceu, seu filho Felipe, atual presidente da OAB/RJ, tinha dois anos.
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