19/05/2015 - 11:55

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Cunha quer votar direto no plenário reforma política

Valor Econômico

Insatisfeito com o relatório sobre reforma política, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), defendeu ontem que o tema seja analisado direto pelo plenário da Casa, sem passar, portanto, pela comissão especial, que prevê votar hoje o parecer do deputado Marcelo Castro (PMDB-PI). Cunha fez criticas ao texto do correligionário. Rebatendo as declarações, Castro acusou o presidente da Câmara de fazer uma interferência indevida.
 
Cunha quer reunir os líderes de partidos na Casa para debater a forma de apreciação da reforma política, prevista para a próxima semana, quando os deputados terminarem de analisar os textos do ajuste das contas públicas. "É preferível até que a comissão não vote, que leve para plenário. Eu acho que tem que votar depois que a gente organizar essa semana inteira. Temo que o relatório dele possa engessar a votação", disse o presidente da Câmara.
 
Castro questionou a afirmação e disse que essa decisão depende do presidente da comissão, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), e não de Cunha. "Então, ele está falando pelo Rodrigo Maia? É isso? Quero crer que não, quero crer que o Rodrigo Maia tem autonomia", criticou o relator.
 
A ideia de Cunha é dividir a reforma política em alguns pontos. Assim os deputados votariam em partes, começando pelo sistema eleitoral. "Pode fazer um requerimento e votar artigo por artigo. Isso é o que vai acontecer de qualquer maneira. Seja qual for o resultado que sair da comissão, a gente vai votar artigo por artigo. Se não votar artigo por artigo, a gente não vai dar oportunidade para resolver essas divergências. Esse é o único que não vai dar para construir uma maioria", afirmou Cunha.
 
Para o sistema eleitoral, o presidente da Câmara e a maioria do PMDB defendem o chamado "distritão", que substitui o voto proporcional pelo majoritário nas eleições para o Legislativo. Apesar de ser contra o "distritão", Castro incluiu esse modelo eleitoral no relatório por ser a vontade da maioria da comissão especial da reforma política.
 
Mesmo assim, Cunha não gostou do parecer, que classificou como confuso. Um dos motivos é que o relator mudou, mais uma vez, a previsão de mandato de senadores. Primeiro, Castro havia proposto o período de dez anos. Após a repercussão negativa, ele alterou o texto, voltando a valer o tempo de cinco anos. "Quando os deputados falam que vão alterar mandato de senador é quase que uma agressão, já sabe que não vai passar lã. É de uma falta de perspicácia política você querer impor o tamanho do mandato no Senado, é até falta de inteligência política", observou Cunha.
 
Em resposta, o deputado negou que o relatório seja confuso e afirmou que as críticas de Cunha não foram a ele, mas a toda a comissão de reforma política. "O relatório não é meu; é de todos os membros", frisou. Ainda rebatendo as declarações de Cunha, ele disse que o presidente da Casa deveria ter escolhido "um relator mais submisso". "Está óbvio que ele escolheu o relator errado", completou.
 
Castro apontou ainda ter, junto com Maia, sugerido a Cunha a divisão do relatório por temas conexos, o que - à época - foi rejeitado pelo presidente da Câmara. "Nossa ideia era essa para facilitar a tramitação", disse.
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