09/08/2012 - 09:25

COMPARTILHE

Cruz Vermelha com ordem de despejo corre risco de fechar

jornal O Dia

Após ajudar vítimas de tragédias do estado como desabrigados da Região Serrana em 2011 e das enchentes em Niterói em 2010 quem precisa de socorro agora é a própria Cruz Vermelha.
 
Veja denunciou que verbas arrecadadas para Região Serrana não chegaram ao destino
A filial estadual, que ocupa o 2° andar do Prédio 10/12 da Praça Cruz Vermelha, no Centro, onde também é a sede da Cruz Vermelha Brasileira (CVB), recebeu notificação de despejo até terça-feira. O pedido partiu da própria unidade geral do órgão, proprietária do imóvel. Sem ter para onde ir, o diretor estadual, Luiz Alberto Lemos Sampaio, teme o fim da filial.
 
"Vamos recorrer na Justiça. Pago aluguel de R$ 10 mil e as contas de água e luz, até da sede federal", revela. Os dias estão contatos para a Escola de Enfermagem da Cruz Vermelha, que só tem autorização para funcionar até 20 de dezembro. Por ano, a instituição forma 500 profissionais.
 
A relação entre as unidades estadual e federal da Cruz Vermelha, que já não andava boa, azedou neste fim de semana, quando a revista Veja publicou denúncia de que verbas arrecadadas pela CVB para vítimas do temporal na Região Serrana não chegaram ao destino.
 
"Nunca recebemos nenhum real. Ajudamos os desabrigados, com recursos próprios", conta a diretora executiva a filial do Rio, Rosely Sampaio.
 
 Nunca recebemos nenhum real. Ajudamos os desabrigados, com recursos próprios
Rosely Sampaio
O dinheiro que seria enviado para vítimas do terremoto do Japão, em 2011, e para o combate à fome na Somália não chegaram a quem precisa. Segundo a reportagem, teriam ido para conta bancária de responsabilidade de Carmem Serra, irmã do presidente nacional licenciado Walmir Moreira, que comanda a filial do Maranhão.
 

Denúncias de desvio foram feitas pela filial Petrópolis

As denúncias de desvio de verba doadas para as vítimas da tragédia na Região Serrana estão sendo investigadas pelo Ministério Público. Elas partiram da presidente da filial de Petrópolis, Letícia Del Ciampo. A auditoria hospitalar, de 31 anos, resolveu expor o esquema de corrupção após ver o estado de degradação da Cruz Vermelha local.
 
"Minha filial tinha dívidas trabalhistas, não depositava Fundo de Garantia dos funcionários e tinha que pagar R$ 3,7 milhões para o Distrito Federal por desvio de verba a administração de duas UPAs no local. Resolvi investigar e entregar ao Minsitério Público os verdadeiros culpados", revela Letícia.
 
Após o gesto, Letícia, que está no comando da Cruz Vermelha de Petrópolis há pouco mais de cinco meses, recebeu mais denúncias. "Cheguei às verbas depositadas no Maranhão. Denunciava ou me desligava da instituição. Como cidadã, não me restou outra alternativa".
 

Dinheiro da Serra existe, diz presidente
 
O atual presidente nacional, Anderson Couchino, que assumiu dia 2, quando Walmir Moreira se licenciou do cargo, nega todas acusações feitas pela Cruz Vermelha estadual. Segundo ele, a decisão de mudar a sede da unidade estadual é antiga. "O fato de a filial estadual estar no mesmo prédio da sede federal causa até mal estar com as outras", revela.
 
Moreira revelou que como a CVB tem dívidas trabalhistas não pode abrir conta bancária. "Na época das chuvas na Serra tramitava processo administrativo contra a filial do Rio, então houve a decisão de depositar o dinheiro para a filial do Maranhão", explicou.
 
Segundo ele, o dinheiro doado para a Serra a tragédia ocorreu em janeiro de 2011 ainda está depositado na conta do Maranhão e em 15 dias o valor será informado. Ele garantiu que, ao fim da auditoria, os recursos serão investidos em projetos na Serra e que, se forem comprovadas doações ao Japão e Somália, o dinheiro será enviado.
 
Abrir WhatsApp