29/09/2009 - 16:06

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Cresce número de ações contra racismo no país

Cresce número de ações contra racismo no país

 

 

Do Valor Econômico

 

29/09/2009 - Uma pesquisa realizada pelo Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (Ceert) mostra que a maioria das ações julgadas no país contra discriminação racial e intolerância religiosa envolve empresas. O estudo analisou 1.011 julgamentos realizados nos últimos cinco anos. A Justiça do Trabalho analisou o maior número de casos: 356. Em seguida, aparecem a Justiça Cível - com 336 decisões - e a criminal - com 202 processos.

 

O levantamento, concluído em junho, abrangeu os julgamentos realizados por tribunais de Justiça estaduais, do trabalho e federais e pelas cortes superiores - Tribunal Superior do Trabalho (TST), Superior Tribunal de Justiça (STJ) e Supremo Tribunal Federal (STF).

 

Entre os tribunais trabalhistas, os que mais apresentam decisões são os da 4a Região (Rio Grande do Sul), com 68 decisões (21%), da 12a Região (Santa Catarina), com 62 casos (19,14%), e da 15a Região (Campinas), com 42 julgamentos (12,96%). Somente cinco casos foram decididos na 2o Região, que abrange a região metropolitana de São Paulo.

 

O número de casos julgados subiu, segundo o coordenador da pesquisa, o advogado e ex-secretário da Justiça do Estado de São Paulo, Hédio Silva Jr. Uma pesquisa sobre os julgamentos que ocorreram de 1951 a 1996, divulgada em 1997, apontou apenas nove ações, considerando todos os tribunais brasileiros. Para Silva Jr, esse crescimento no volume de ações é reflexo de uma maior consciência social das vítimas.

 

"Para evitar esse tipo de processo, as empresas devem adotar regras escritas, fazer treinamentos com os funcionários e despertar para o fato de que a diversidade agrega valor às empresas", afirma.

 

A prevenção também é importante para o caixa das companhias.

 

De acordo com o levantamento, na maioria dos casos é imposta indenização por ofensa moral.

 

Em um dos casos analisados, uma empresa petroquímica foi condenada porque o chefe, em tom de brincadeira, chamava frequentemente o funcionário negro de macaco. Certo dia, o empregado reagiu verbalmente, com nervosismo.

 

Foi demitido. O Poder Judiciário reconheceu que a demissão foi injusta e ainda acatou as provas de que a atitude do chefe, durante anos, provocou dano à saúde do trabalhador. Segundo a pesquisa, a condenação por danos morais, neste caso, pode chegar a até 450 salários mínimos.

 

O levantamento também conclui que há uma probabilidade menor de sucesso quando a discussão ocorre na Justiça criminal.

 

"Isso porque parte dos juízes entende que a pena de prisão é severa demais", afirma Silva Jr. "O que é ruim porque juiz tem que aplicar a lei e não avaliála." De acordo com a análise dos processos, o número de condenações criminais é crescente, mas a pena fica longe do encarceramento.

 

"A penalidade é a prestação de serviços comunitários ou de prisão em regime domiciliar", diz. Segundo a Lei no 7.716, de 1989, no entanto, o empresário que negar ou obstar emprego por preconceito de raça ou cor pode ser condenado à reclusão de dois a cinco anos. A pesquisa completa poderá ser acessada pelo site www.jusracial.org.br, cujo lançamento está marcado para hoje, na seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

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