07/05/2012 - 12:12

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CPI revela irregularidades em obra da Prefeitura de Friburgo

Extra

Lâmpadas incandescentes que queimam cinco vezes por dia. Ônibus escolares que percorrem em um ano letivo a quilometragem suficiente para dar 20 voltas ao mundo. Bueiros que despendem de dez horas de trabalho para serem desentupidos. Se o Brasil é o país da impunidade, o relatório de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) que investigou o destino das verbas destinadas à tragédia das chuvas, em 2011, mostra que o poder público de Nova Friburgo abusou da ganância e da indiferença com a população.
 
A série de reportagens que o jornal Extra inicia hoje detalha, pela primeira vez, a ambição da administração pública, que se traduz em gastos não explicados nem justificados, de acordo com o relatório final da CPI da Tragédia. Criada em julho do ano passado pela Câmara Municipal, foi concluída em dezembro do mesmo ano, com apoio do Ministério Público Federal.
 
O desperdício do dinheiro público fica mais evidente em ações das secretarias de Obra, Educação e Meio Ambiente, que usaram as verbas destinadas à recuperação da cidade para limpar a sujeira que a tragédia deixou.
 
"O inquérito cita o nome de 21 empresas sob suspeita de irregularidades contratuais, como superfaturamento, falsificação de documentos e outras imoralidades", resume o vereador relator da comissão, Pierre Moraes.
 
Datas diferentes
 
A empresa mais mencionada no relatório - 46 vezes em 220 páginas - é a Cheinara Dedetilar Imunização. A companhia garante ter feito a dedetização de 133 escolas municipais depois da tragédia, mas a catástrofe destruiu ou inutilizou nove colégios. Nas fotos entregues à CPI para comprovar o serviço feito em janeiro de 2011, o detalhe do quadro negro revela a real data em que o registro foi feito: 18 de agosto, justamente na semana em que CPI solicitou tais provas.
 
A mesma empresa foi paga, por hora, para desentupir 11 bueiros da cidade. O trabalho, que poderia durar até uma hora, levou dez para cada valeta. Seus donos, Allan e Adão Cardeck, que são amigos do ex-secretário de Governo, José Ricardo Lima, tiveram os bens bloqueados pela Justiça.
 
Mesmo com a comprovação de irregularidades na maioria dos contratos, nada foi devolvido aos cofres públicos. Enquanto isso, há 2.552 mil famílias que dependem do aluguel social de R$ 500 para sobreviver.
 
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