O prefeito em exercício de Nova Friburgo, Dermeval Barboza Moreira Neto (PMDB), terá que explicar supostas irregularidades na aplicação de verbas federais enviadas ao município para socorrer vítimas das enchentes do início do ano. Ele foi convocado para depor, no próximo dia 9 de novembro, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), instaurada na Câmara Municipal, para investigar supostos desvios de recursos públicos. Friburgo foi a cidade da Região Serrana que mais sofreu e que também recebeu o maior volume de recursos do governo federal. A CPI foi instalada em 14 de julho, depois de uma série de reportagens do GLOBO revelar a existência de um suposto esquema de corrupção envolvendo empresários e funcionários públicos. Cerca de 40 pessoas já foram ouvidas, entre servidores, empresário e secretários. "Estamos trabalhando em silêncio e com seriedade, mas em Friburgo o sentimento da população é de abandono", diz o presidente da CPI, vereador Cláudio Damião (PT). Em 5 de julho, o procurador da República Jessé Ambrosio dos Santos Junior, do Ministério Público Federal (MPF) de Friburgo, propôs, e a Justiça Federal aceitou, uma ação de improbidade administrativa contra Dermeval e o procurador-geral do município, Hamilton Sampaio da Silva. Segundo o MPF, eles não prestaram contas do uso de dez milhões de reais destinados pela União a ações de combate aos efeitos das enxurradas. Ambrosio chegou a pedir o afastamento dos dois para, segundo ele, "evitar que fabricassem documentos para lastrear os gastos feitos sem licitação". Na mesma época, a Secretaria Nacional de Defesa Civil e a Controladoria Geral da União (CGU) decidiram bloquear as contas da Prefeitura de Nova Friburgo alimentadas com recursos federais. A fiscalização da CGU encontrou graves irregularidades na aplicação dos dez milhões de reais destinados pelo Ministério da Integração Nacional para socorro às vítimas e a reconstrução do município.