26/04/2013 - 09:34 | última atualização em 26/04/2013 - 09:35

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Confronto entre STF e Congresso se agrava

Jornal O Globo

O clima de guerra entre o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal se acirrou ontem. Os presidentes da Câmara e do Senado se uniram para dizer que os poderes do Legislativo não podem ser atropelados pelo Judiciário, numa crítica à liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) que travou a votação do projeto de lei contra os novos partidos.
 
Do outro lado da Praça dos Três Poderes, o ministro do STF Gilmar Mendes, autor da liminar, não poupou críticas ao projeto e ainda acusou a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara de rasgar a Constituição ao aprovar a admissibilidade de uma emenda constitucional que limita os poderes do Supremo e submete decisões da Corte ao aval do Congresso Nacional.
 
Segundo Gilmar, se a emenda for aprovada, "é melhor fechar o STF".
 
No Legislativo, reuniões e mais reuniões ocorreram, ao longo do dia, até que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que é também presidente do Congresso Nacional, entrou ontem à noite com agravo regimental para que o plenário do Supremo reveja a decisão de Gilmar de impedir que o Parlamento aprove o projeto que dificulta a criação de novos partidos.
 
"Da mesma forma que nunca influenciamos as decisões do Judiciário, não aceitamos que o Judiciário influa nas decisões legislativas. De modo que consideramos uma invasão, e vamos entrar com agravo regimental, sobretudo para dar uma oportunidade ao Supremo de fazer uma revisão dos seus excessos", protestou Renan, à tarde.
 
Não é de hoje que os dois poderes vivem momentos de tensão. Os últimos foram por ocasião da polêmica legislação sobre a redistribuição dos royalties do petróleo. Antes disso, foram muitos embates, alguns da área eleitoral. Sem falar no julgamento do mensalão, quando o Congresso se rebelou contra a decretação, pelo STF, da perda de mandato de deputados condenados.
 
A pressa dos partidos governistas, e mais o DEM, em aprovar o projeto que limita o acesso dos novos partidos ao tempo de TV na propaganda eleitoral e ao fundo partidário atiçou os ânimos no Congresso. A partir de um mandado de segurança apresentado por um correlegionário de Eduardo Campos, potencial candidato a presidente pelo PSB, Gilmar Mendes teve a oportunidade de demonstrar que o STF pode regular a atuação do Congresso quando entender que regras constitucionais foram desrespeitadas.
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