12/11/2013 - 11:08 | última atualização em 13/11/2013 - 11:03

COMPARTILHE

Compositor e cartunista, Nassara é homenageado pela Rádio OABRJ

redação da Tribuna do Advogado

O ano de nascimento de Antônio Nássara é controverso: 1909 ou 1910. A melhor forma de defini-lo também admite mais de uma possibilidade, tendo sido desenhista, cartunista, compositor, radialista. Precisa mesmo é a definição do jornalista Ruy Castro no prefácio do livro Nássara, passado a limpo, de Carlos Didier: "um completo carioca". O artista é o homenageado destas terça e quarta-feiras, dia 12, na Rádio OABRJ.
 
Um dos grandes criadores de sucessos carnavalescos das décadas de 1930 e 1940, Nássara é autor, junto com Haroldo Lobo, da marcha Alah-la-ô, gravada em 1941 com arranjos de Pixinginha, e que até hoje faz sucesso no carnaval do Rio. Com Wilson Batista, um dos principais nomes do samba, fez homenagens ao Morro da Mangueira - Mundo de Zinco ("Aquele mundo de zinco que é Mangueira") - e ao centenário do escritor Honoré de Balzac - Balzaquiana. Na música, que alcançou muito sucesso, há uma citação melódica à canção La vie en rose (Louis Gugliemi e Edith Piaf). A citação a canções conhecidas foi um recurso repetido por Nássara em outras composições.
 
 
Músicas na Rádio OABRJ
  • Meu consolo é você
  • Retiro de saudade
  • Caixa Econômica
  • Balzaquiana
  • Florisbela
  • Alah-la-ô
  • Periquitinho verde
  • Mundo de Zinco
  • Florisbela
  • Balzaquiana
Na disputa da melhor marcha do carnaval de 1939, um fato curioso envolvendo a música vencedora, de Nássara e Frazão, acabou registrado no samba Camisa Amarela, de Ary Barroso. A letra começa fazendo referência à marchinha campeã Florisbela - ("Encontrei o meu pedaço na avenida de camisa amarela / Cantando a Florisbela, oi, a Florisbela). Algumas estrofes depois, e já no último dia do carnaval, o sujeito volta para casa cantando não aquela que foi a campeã do concurso, mas A Jardineira, de Benedito Lacerda e Humberto Porto, que, pelo visto, caiu na boca do povo. ("Voltou às quatro horas da manhã mas só na quarta-feira / Cantando A jardineira, oi, A jardineira).
 
Outra música marcante do cartunista-radialista-compositor é Meu consolo é você, feita em parceria com Roberto Martins e gravada por Orlando Silva, o cantor das multidões, com arranjos de Radamés Gnatalli. Vizinho de Noel Rosa em Vila Isabel, compôs com o chamado poeta da Vila Retiro da saudade, gravada por Francisco Alves e Carmen Miranda em 1934.
 
Além da presença constante nos concursos carnavalescos, Nássara podia ser ouvido no rádio, com alguma de suas 232 músicas, ou no notório Programa do Casé, no qual foi locutor e autor do primeiro jingle publicitário do país.
 
Em 1927, entrou para a Escola Nacional de Belas Artes, onde cursou até o quarto ano, quando teria sido reprovado por ter caricaturado uma réplica da escultura Laoconte e seus Filhos. Trabalhou em muitas publicações, entre elas, O Globo, A Noite, O Cruzeiro, Última Hora e O Pasquim. Já sofrendo de surdez, Nássara morreu em 1996. Em 1999, Isabel Lustosa escreveu Nássara: o perfeito fazedor de artes. Em 2011, o biógrafo Carlos Didier publicou Nássara Passado a Limpo.
 
Abrir WhatsApp