23/02/2015 - 15:42 | última atualização em 24/02/2015 - 14:19

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Comissões acompanharão alerta da Abrasco sobre mosquitos transgênicos

redação da Tribuna do Advogado

Alertadas por membros da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), no início de fevereiro, as comissões de Direito Ambiental (CDA) e de Bioética e Biodireito (CBB) da OAB/RJ  vão acompanhar as denúncias de irregularidades na produção de mosquitos geneticamente modificados para o combate ao Aedes Aegypti, inseto transmissor do vírus da dengue. Segundo a Abrasco, a Coordenação-Geral da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), que aprovou a produção do mosquito, não realizou os estudos necessários de impactos ambientais.
 
Cientistas relataram estar sofrendo pressão de empresa que produz mosquitos em razão de uma nota técnica divulgada sobre a questão
Para os pesquisadores, os dados colhidos nos testes realizados nas cidades de Jacobina e Juazeiro, do estado da Bahia, seriam "insuficientes para um posicionamento consistente em qualquer órgão de pesquisa, ainda mais, para a CTNBio". Eles também alertam para o fato de que não existem ainda normas adequadas de liberação planejada para avaliação de insetos e que a alteração na reprodução dos Aedes Aegypti pode atrair outros insetos, como o A. Albopictus, espécie selvagem existente no Brasil e com capacidade vetorial para o vírus da dengue.
 
Os cientistas relataram, ainda, estar sofrendo pressão da empresa Oxitec, que produz os mosquitos, em razão de uma nota técnica divulgada sobre a questão.
 
Representando a OAB/RJ, o presidente da CDA, Flávio Ahmed; a vice-presidente e o membro da CBB, Fernanda Bianco e Gabriel Bianconi Fernandes, respectivamente, manifestaram repúdio a qualquer tentativa de inibir posicionamentos científicos em relação a meio ambiente e saúde pública.
 
"O direito à informação e a participação são fundamentais quanto tratamos do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem constitucionalmente protegido e de titularidade difusa, exigindo as discussões que envolvem seu uso ampla reverberação. Daí porque a censura à discussão envolve também a violação ao livre acesso à informação e ao próprio direito ambiental como direito humano fundamental", afirmou Ahmed. Ele anunciou que as comissões pretendem realizar uma série de discussões sobre o tema.
 
Após o encontro, a Abasco - representada na reunião pelos pesquisadores Hermano Castro, diretor da Escola Nacional de Saúde Pública, da Fiocruz; Lia Giraldo da Silva Augusto, professora na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); e Carlos dos Santos Silva, que é secretário executivo da associação - decidiu publicar uma segunda nota, reforçando alguns pontos da original e retificando outros: "Há questões que realmente não precisamos discutir, mas outras reforçamos, porque entendemos que é dever da Abrasco mostrar o posicionamento de seus cientistas", explicou Lia.
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