O presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ, Marcelo Chalréo, visitou, no início do mês, dia 2, a convite da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), o Ecomuseu Ilha Grande - espaço mantido pela faculdade com o objetivo de desenvolver pesquisas voltadas para a preservação e a difusão de conhecimentos relacionados ao meio ambiente, à história e à vida sociocultural da região. Localizado na Vila Dois Rios, o Ecomuseu está divido em museus do cárcere e do meio ambiente, centro multimídia e parque botânico. Graciliano Ramos, Agildo Barata, Luiz Carlos Prestes, Flores da Cunha, Nelson Rodrigues, Madame Satã, Fernando Gabeira passaram pelo presídio Segundo Chalréo, a iniciativa da universidade é importantíssima do ponto de vista da conservação da memória do Instituto Penal Cândido Mendes, o antigo presídio da Ilha Grande. A equipe do Ecomuseu já conseguiu reunir um pequeno acervo com alguns objetos recolhidos entre os escombros e fotografias que retratam fases da unidade prisional. "Há uma proposta de resgate dessa memória pelo Ecomuseu, em parceria com o Arquivo do Estado, para onde foram encaminhados documentos que sobreviveram à implosão”, explicou. "Os prédios onde ficavam as celas foram implodidos com tudo o que estava dentro, só havendo tempo para a retirada dos presos. Objetos pessoais, roupas, documentos, móveis, utensílios variados, arquivos e até os cachorros que faziam companhia aos detentos foram soterrados pela implosão, em uma esforço inigualável de 'desmemória' daquela que foi uma das maiores prisões políticas do Brasil e por onde passaram Graciliano Ramos, Agildo Barata, Luiz Carlos Prestes, Flores da Cunha, Nelson Rodrigues, Madame Satã, Fernando Gabeira e tantos outros”, continuou Chalréo. Ainda de acordo com ele, durante a visita, a equipe da comissão conheceu ex-funcionários do presídio que hoje trabalham no projeto, em atividades de artesanato e reciclagem de garrafas pet. "A capacitação de ex-funcionários permitiu a eliminação do lixo deixado em Dois Rios pelos visitantes, que, nas épocas de pico, chegam a 60 por dia", disse. O presidente da comissão elogiou, ainda, outras iniciativas desenvolvidas no Ecomuseu com o intuito de resgatar a cultura caiçara. "Foi gratificante ver que há pessoas extremamente implicadas em uma proposta cidadã e socialmente referenciada no que há de melhor nas tradições e da vida da Ilha Grande", resumiu.