21/05/2013 - 16:44 | última atualização em 21/05/2013 - 16:45

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Comissão da Verdade: torturas começaram em 1964, antes do AI-5

jornal O Globo

A Comissão Nacional da Verdade (CNV) apresentou nesta terça-feira um balanço do primeiro ano de trabalho. Paulo Sérgio Pinheiro, um dos integrantes do colegiado, diz que os documentos analisados até agora permitem confirmar que a tortura ocorria desde 1964, logo após implantação do golpe militar, e não a partir de 1968 com o Ato Institucional-5 (AI-5). "Desde 64 ocorriam torturas. E não de 1968. Não se enganem".
 
Números da CNV
 
  • 864 comunicações
     
  • 268 depoimentos
     
  • 15 audiências públicas
     
  • 12 casos de desaparecidos
A comissão também mostrou 12 casos de pessoas que, segundo documentos da Marinha do Brasil, com data de 1972, já estavam mortas. Essas informações foram cruzadas com informações prestadas pela própria Marinha em 1993 - já no período democrático, durante o governo Itamar Franco - e as mesmas pessoas não aparecem como mortas, mas como desaparecidas ou presas.
 
Nesse período, a comissão realizou 268 depoimentos. Desse total, a maioria (77,2%, ou 207 depoimentos) foi concedido por vítimas e testemunhas das ações do regime militar. Os agentes e colaboradores do regime prestaram 37 depoimentos (13,8% do total tomado pela CNV). Outros 24 relatos foram concedidos por vítimas militares.
 
"Os testemunhos orais têm fornecido informações extremamente relevantes. Essencialmente dinâmicos e quase sempre dotados de forte carga emocional, os depoimentos são apenas a parte verbal de um processo maior, em que fatos invariavelmente marcantes e emoções são revividos em todas suas dimensões", aponta a entidade, no relatório dos trabalhos.
 
Também foram realizadas 15 audiências públicas da Comissão em nove estados da federação (um em Goiás; dois no Distrito Federal; quatro no Rio; dois no Pará; um em Pernambuco; um em Minas Gerais; um no Paraná, um no Rio Grande do Sul e dois em São Paulo.
 
Neste primeiro ano de trabalho, a comissão recebeu 864 comunicações. A maioria delas (54% ou 467) foi por pedido de informações. Outras 107 requisições foram por envio de solicitações. Reclamações foram 14% do que a CNV recebeu, 72 comunicações foram de denúncias (ou 8% do que a comissão recebeu), e 4% foram oferecimento de depoimentos.
 
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