05/02/2014 - 11:47

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Comissão da Verdade convocará agentes da ditadura

jornal O Globo

A Comissão Nacional da Verdade (CNV) vai convocar agentes de segurança estaduais que o Exército tentou proteger no inicio dos anos 80 de represálias em função de seu "engajamento pessoal ou funcional com o ideário da Revolução de 1964"
 
Documento revelado pelo GLOBO no último domingo apontou a preocupação com a segurança de indivíduos considerados colaboradores do regime após a eleição, em 1982, de governadores de oposição em estados como Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Especialistas consideram o registro raro, por não ser comum a exposição de colaboradores efetivos do regime em documentos oficiais.
 
- A comissão tem feito com freqüência a coleta de depoimentos, públicos ou reservados. Esse documento é uma fonte que vamos considerar. Devemos buscar menções (aos agentes citados) em outras fontes, como o depoimento de vítimas. Trabalhamos com o cruzamento de informações - disse o coordenador da comissão, Pedro Dallari.
 
Segundo ele, boa parte dos relatos colhidos junto a agentes da repressão está sendo feita de modo reservado, a pedido dos próprios declarantes. Embora a comissão não tenha status de autoridade judiciária, uma de suas atribuições é apontar a autoria de violações aos direitos humanos.
 
- A regra de confidencialidade é legítima - afirmou.
 
O documento revela também que agentes da Polícia Civil do Rio que o Exército tentou proteger na Polícia Federal para que não sofressem represálias com a eleição de Leonel Brizola, em 1982, não foram incorporados ao funcionalismo federal, como ocorreu com agentes de São Paulo. Eles não só foram mantidos em seus cargos, como alguns trabalharam próximos de Brizola, um dos principais alvos de monitoramento do regime.
 
Alguns agentes passaram a trabalhar no Departamento Geral de Investigações Especiais (DGIE), sucessor do antigo Departamento de Ordem Política e Social (Dops). É o caso do delegado Fernando Pires de Carvalho Aragão, de 75 anos, aposentado, citado no documento.
 
Embora afirme desconhecer os motivos pelos quais foi incluído na lista de protegidos do Exército, ele afirma ter trabalhado em departamento que "cuidava até da segurança" de Brizola. O ex-policial diz que não teve problemas com o político, que, segundo ele, "não teve preocupação de ficar com picuinha" Ele nega ter colaborado com órgãos de informação federal durante esse período:
 
- Trabalhava para manter o governador informado de coisas de que ele precisava saber.
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