16/04/2013 - 09:39 | última atualização em 16/04/2013 - 13:04

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Comissão de São Paulo ouve depoimentos sobre Guerrilha do Araguaia

Jornal do Commercio

Em sua última sessão, a Comissão Estadual da Verdade de São Paulo ouviu os depoimentos de parentes de desaparecidos políticos que participaram da Guerrilha do Araguaia, grupo armado de resistência à ditadura militar instalado no Pará na década de 1970. Foram discutidos os casos de nove militantes nascidos em São Paulo ou que tiveram atuação no estado.
 
O caso dos irmãos Jaime e Lúcio Petit da Silva foi relembrado por Latira Petit, irmã dos ex-militantes do Partido Comunista do Brasil (PC- doB). "Eu tive três irmãos desaparecidos no Araguaia (o desaparecimento de Maria Lúcia Petit foi analisado no mês passado). A minha família foi dizimada pela ditadura. Espero que o Estado brasileiro faça juz ao resultado da Comissão da Verdade e responsabilize as pessoas que praticaram esses atos", disse.
 
De acordo com o histórico dos desaparecidos, organizado pela comissão, Jaime desapareceu em 28 ou 29 de novembro de 1973 após um cerco militar à região da guerrilha. Lúcio está desaparecido desde 21 de abril de 1974, e sumiu também depois de ataque dos militares no Araguaia. Os dados constam no Relatório Arroyo, escrito pelo dirigente do PCdoB, Ângelo Arroyo, que sobreviveu às investidas militares na região.
 
Laura Petit está confiante no trabalho feito pelas Comissões da Verdade, mas acredita que os familiares apresentaram todos os dados que deveriam e agora é preciso escutar os agentes da repressão. "Existe um arquivo vivo da ditadura militar que precisa ser ouvido. Gostaria de ver sentado naquela mesa as pessoas que praticaram esses atos", disse.
 
Informações
 
De acordo com o deputado estadual Adriano Diogo, que preside os trabalhos, neste primeiro semestre a comissão está empenhada em reunir o máximo de informações sobre os 154 casos analisados para, em seguida, identificar quais informações de cada fato ainda devem ser buscadas. "As audiências, por enquanto, são praticamente com o que já havia. Vamos ter que aprofundar. Saber como foi, quem praticou. É uma fase mais complexa", explicou.
 
Outro depoimento foi o de Rosana de Moura Momente, filha do militante Orlando Momente. "Tenho poucas lembranças do meu pai. Na verdade, nunca convivi com ele. Acabei sabendo um pouco mais sobre ele a partir do contato com a Criméia (Almeida, também participante da Guerrilha do Araguaia). Até hoje enfrento dificuldades relacionadas ao meu pai, porque nós não temos a data exata da morte e minha mãe não pode receber pensão por isso", disse. Orlando foi visto pela última vez em 30 de dezembro de 1973 no sul do Pará.
 
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