01/09/2010 - 16:06

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Comissão realiza primeira audiência sobre novo CPC

Comissão realiza primeira audiência sobre novo CPC

 

 

Do Jornal do Commercio

 

01/09/2010 - A comissão temporária que examina o projeto (PLS 166\/10) de mudanças no Código de Processo Civil (CPC) realizou ontem a primeira audiência pública para debater o texto com profissionais da área do Direito.

 

Foram ouvidos integrantes da Ordem dos Advogados do Brasil, da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), da Associação dos Juízes Federais (Ajufe) e do Executivo.

 

Os convidados ressaltaram a necessidade de um novo código, por causa das mudanças sociais ocorridas no País desde a elaboração do atual, em 1973.

 

Eles, contudo, propuseram a revisão de alguns aspectos do anteprojeto, como a predominância da jurisprudência nas decisões, os prazos para atuação de advogados públicos e os novos instrumentos a serem instituídos, entre eles o incidente de resolução de demandas repetitivas e as regras de punição dos envolvidos no processo.

 

Para o presidente do Conselho Federal da OAB, Ophir Cavalcante, a proposta do novo Código valoriza a advocacia e mostra que o advogado é essencial à administração da Justiça.

 

Ele ponderou, contudo, que pode ser equivocada a previsão de que o novo código acabará com o excesso de litigiosidade, como argumentaram os juristas que elaboraram o anteprojeto de reformulação do CPC.

 

Segundo Ophir Cavalcanti, a demanda pelos serviços do Judiciário tem aumentado porque há uma maior consciência dos cidadãos dos seus direitos e também porque esses direitos são desrespeitados, principalmente pelo Estado. Atualmente, informou ele, 70% das demandas na Justiça decorrem do desrespeito que o cidadão sofre por parte do Estado brasileiro. Como uma das soluções para o problema, o representante da OAB propôs uma melhor estruturação do Judiciário para que este possa corresponder às expectativas da sociedade.

 

Ophir Cavalcante também considerou necessária a reflexão sobre a prevalência da jurisprudência nas decisões judiciais, como prevê o projeto em exame no Senado. Seu temor é que a adoção da jurisprudência leve a uma "ditadura dos tribunais" e a uma menor oxigenação da Justiça, porque o juiz estaria menos propenso a exercer o seu livre convencimento.

 

O representante da OAB disse se preocupar com a aplicação da nova medida prevista no projeto como "incidente de resolução de demandas repetitivas", para os casos de demandas coletivas.

 

Em sua opinião, é necessário aperfeiçoar esse dispositivo para que a parte na causa tenha o direito de dizer que quer a continuidade do processo, mesmo quando houver decisão judicial pela suspensão, tendo em vista a similaridade com outras ações. Ele sugeriu também uma revisão da figura do amicus curiae (amigo da corte), para que seja dada a chance de a parte se manifestar contrariamente à participação de um expert em determinado assunto no processo, se considerar que essa pessoa ou entidade será parcial ou oferecerá risco de contaminar a decisão.

 

 

Vida

 

O desembargador Paulo Henrique Silva, que representou a AMB, destacou a necessidade de o novo CPC atender ao fenômeno que ele denomina "judicialização da vida" que, segundo ele, é experimentado atualmente pela sociedade brasileira. Em sua opinião, o código atual, embora venha passando por minirreformas desde 1992, ainda mantém uma estrutura pesada, que onera o sistema de prestação da Justiça e sobrecarrega os profissionais da área.

 

Ele considerou o projeto bom e afirmou ter esperança de que o Congresso não realize profundas modificações em seu conteúdo, mas propôs, por exemplo, a retirada do artigo 24, que exclui da competência brasileira o julgamento de ações em que houver cláusula de eleição de foro estrangeiro para decisão.

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