O presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB/RJ (CIR), Marcelo Dias, considerou a exclusão do Grêmio da Copa do Brasil um importante passo na luta contra o racismo. "A CIR aguarda com interesse o desfecho desse processo, que pode mudar o combate ao racismo por parte do Poder Judiciário", afirmou Marcelo, que vê na impunidade e leniência da Justiça um dos entraves ao combate da prática, considerada crime pela Constituição. Somente neste ano já foram registrados 12 casos de discriminação racial nos gramados brasileiros O time foi excluído da competição depois que parte de sua torcida chamou de "macaco" e "preto fedido" o goleiro Aranha, do Santos. Por 5 votos a zero, o tribunal decidiu nesta quarta-feira, dia 3, pela exclusão do time e pelo pagamento de multa de R$ 54 mil - R$ 50 mil pelas injúrias raciais, R$ 2 mil por rolo de papel higiênico arremessado no gramado e R$ 2 mil por atraso na entrada do campo. Os torcedores identificados por imagens de tevê xingando o goleiro serão proibidos de frequentar o estádio gremista por 720 dias. Os árbitros da partida, que não relataram as agressões na súmula e fizeram um adendo no documento somente ao chegaram ao hotel ondes estava hospedados, foram suspensos e multados - o árbitro Wilton Pereira por 90 dias, com multa de R$ 1.600, e seus dois assistentes, por 60 dias e multa de R$ 1 mil. Ainda cabe recurso ao pleno do tribunal. Segundo levantamento feito pelo jornal Folha de S. Paulo, somente neste ano já fora registrados 12 casos de discriminação racial nos gramados brasileiros. Além de jogadores, as vítimas foram árbitros e também profissionais de imprensa. Entre os 12 casos, dois envolvem o tricolor gaúcho. Além das agressões ao goleiro do Santos, em março, o zagueiro Paulão, do rival Internacional, acusou torcedores gremistas de imitar sons de macacos durante partida válida pelo estadual. Na ocasião, o Grêmio foi multado em R$ 80 mil.