Em depoimento à Comissão da Verdade da OAB/RJ, grupo criado para investigar abusos cometidos pela Justiça Militar durante a ditadura, o ex-preso político Cláudio Gurgel relatou os bastidores da morte do militante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) Odijas Carvalho de Souza e o procedimento presenciado por ele em auditorias militares. Veja mais depoimentos Preso em 7 de fevereiro de 1971, Gurgel foi levado para o Dops/Recife, onde Odijas se encontrava. "Fomos submetidos a sessões de tortura por cerca de três dias e elas subitamente pararam. Depois viemos a entender que foi porque o Odijas tinha morrido. Na antessala que tínhamos que passar para ir para nossas celas, podíamos ver as paredes todas salpicadas com seu sangue e as marcas de seu corpo". Gurgel denunciou a morte do companheiro à Auditoria Militar da 7ª Região Militar, onde, conta ele, os relatos eram dificultados: "Os auditores tentavam impedir que essas denúncias fossem feitas. Sua postura era de considerar que aquelas informações eram falsas e desprezar qualquer relato", conta ele. "Havia uma prática quase que à margem da legalidade na relação entre o Dops as auditorias de guerra", completa. As informações coletadas pelas Comissão da Verdade da OAB/RJ são repassadas à Comissão Nacional da Verdade (CNV). O grupo já conta com depoimentos em vídeo dos ex-presos Jefferson Osório, os irmãos Cid e César Benjamin, Roberto Pittoli, Ivan Seixas, Artur Scavone e Romulo Noronha.