"Cabelo de esfregão". "Já voltou pra senzala?". Esses foram alguns dos comentário racistas publicados no perfil da da atriz Taís Araújo, de 36 anos, em uma rede social, no sábado à noite, que serão investigados pela Delegacia de Repressão a Crimes de Informátiva (DRCI). Após se deparar com os ataques, Taís reagiu escrevendo um desabafo, o que desencadeou uma onda de postagens em sua defesa. Na tarde de ontem, mais de 300 mil pessoas haviam curtido a publicação da atriz no Facebook. Em nota, a DRCI informou que o delegado Ronaldo Oliveira, diretor do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE), após tomar conhecimento do fato, determinou a instauração de um inquérito para apurar o crime de racismo. A atriz será ouvida e os autores identificados e intimados a depor. O marido de Taís, Lázaro Ramos, que comemorou o aniversário de 37 anos ontem, foi breve ao falar sobre o que aconteceu: - Estou almoçando com minha família. Não gasto tempo com racismo. Muitas ofensas foram deletadas pelos autores. Mas a manobra não basta, como diz o advogado especialista em crimes digitais David Rechulski. - Algumas pessoas têm a ilusão de que o mundo virtual não deixa rastros. Mas é possível rastreá-lo de maneira concreta. Mesmo que a pessoa não se identifique, todo computador tem uma espécie de identidade digital, o IP, que fica cadastrado quando você usa o provedor para acessar a internet - explica David, acrescentando que os crimes digitais têm as mesmas penas dos praticados fora das redes. O crime de injúria está previsto no artigo 140 do Código Penal e consiste em ofender a dignidade de alguém "na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião , origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência". A pena pode chegar a três anos de reclusão. Presidente da Comissão da Igualdade Racial da OAB/RJ, Marcelo Dias - que viu sua filha envolvida em um episódio de racismo - destaca, no entanto, que punições brandas colaboram para que esse tipo de problema se repita. "A pessoa condenada por injúria muitas vezes paga cestas básicas ou faz trabalho comunitário. Isso não intimida o racista. Nós, da Comissão, nos colocamos à disposição de Taís Araújo".