A 3ª edição da série de palestras Caminhos da Adoção – Criança sujeito de direitos, que acontece nesta segunda-feira, dia 30, na OAB/RJ, teve em sua abertura o lançamento do projeto Adote um vencedor, uma parceria entre a 1ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro e o Fluminense Football Club, que tem o apoio da Comissão da Criança e do Adolescente (CDCA) da OAB/RJ, da Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção e do advogado e fotógrafo Eurivaldo Neves Bezerra, e visa a estimular a adoção tardia. O evento continua ao longo do dia, com palestras sobre aspectos jurídicos do processo de adoção, adoções necessárias, entre outros temas, e tem transmissão pelo canal da OAB/RJ no YouTube. O projeto, uma iniciativa do Sport Club do Recife (PE), já ganhou a adesão do Cruzeiro Esporte Clube (MG) e agora chega ao Rio de Janeiro. A campanha vem mudando o comportamento dos adotantes, estimulando a adoção de crianças mais velhas. “Esse termo de parceria vem sendo desenvolvido há cerca de dois anos, entre o clube a vara da infância. É um trabalho voltado para as crianças, realizado por pessoas que amam o que fazem. A OAB/RJ, através da CDCA, tem muito orgulho em sediar esse encontro, que traz uma visibilidade tão importante para crianças e adolescentes que estão em abrigos no nosso estado”, disse a presidente da CDCA, Silvana Moreira, na abertura, lembrando de uma das resoluções do 1º Congresso Nacional da Criança e do Adolescente, que a Seccional sediou em junho deste ano, e que teve como conclusão justamente a questão da necessidade de maior visibilidade para candidatos a adoção. A advogada Daniela Maximiano, embaixadora do projeto Adote um vencedor, apresentou a iniciativa. “Queremos promover a integração social através da campanha. O Fluminense, a 1ª Vara da Infância e o projeto Caminhos da Adoção estabeleceram a parceria. A ideia é dar publicidade às crianças e adolescentes que desejam ser adotadas. Dados do Cadastro Nacional de Adoção mostram que existem oito famílias interessadas para cada criança a ser adotada, mas a realidade infelizmente não condiz com esses números”, lamentou. Maximiano adiantou que as crianças que integram a campanha vão entrar em campo como mascotes do clube no Campeonato Carioca de 2018, além de participar de eventos sociais que deem visibilidade à causa. O projeto divulgará também as exigências para a habilitação a adoção, o passo a passo para o procedimento, dentre outras informações necessárias. O presidente do Fluminense Football Club, Pedro Abad, aproveitou a oportunidade para convocar os demais times para se engajarem. “O Fluminense participar da iniciativa é um convite para outros clubes participarem desse projeto, e também de outras causas. Podemos participar mais, temos muito a fazer, a responsabilidade social é grande. O Fluminense não fugirá dela em momento nenhum”, garantiu. Juiz titular da 1ª Vara da Infância da capital, Pedro Henrique Alves citou números que mostram uma redução no tempo dos processos de adoção. “Falar da infância é falar das mazelas por que passa nosso país”, disse. Após assumir a vara há três anos, Alves acelerou os processos de adoção, reduzindo a fila de espera e a quantidade de acolhidos – em 2014 eram 378, e hoje são 103, ou seja, menos de um terço das crianças e adolescentes ainda permanece aguardando uma família. “Fazemos dois mutirões por ano, com uma semana inteira só de processos de adoção, em que a sentença é prolatada na própria audiência, e a parte já sai dali com o registro do seu filho em mãos. Se antes um processo demorava de seis a oito anos na vara, hoje demora seis meses. Se existe empecilho para adoção, não é o tempo do processo, mas sim o perfil escolhido pelos adotantes”, lamentou, citando o fato de que a preferência dos adotantes é por crianças mais novas, deixando muitas delas por anos à espera de uma família. O professor da PUC-Rio, Gustavo Robichez, e o advogado e fotógrafo Eurivaldo Bezerra também participaram da solenidade. A Comissão de Adoção do IBDFAM, o programa de pós-graduação em Direito Especial da Criança e do Adolescente da Faculdade de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e o Centro de Referência e Documentação da Criança e do Adolescente (DOCA) também apoiam o projeto.