15/05/2017 - 11:17 | última atualização em 15/05/2017 - 11:21

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Comissão de Igualdade Racial da OAB/Volta Redonda retoma trabalhos

jornal O Diário do Vale e redação da Tribuna do Advogado

O presidente da OAB/Volta Redonda, Alex Martins, reativou há seis meses sua Comissão de Igualdade Racial, que já existia, mas estava sem atuar. O grupo foi recriado com uma nova gestão e será composto por cinco membros.
 
Integram a comissão Érika Alves de Oliveira Monteze, Mirian Cristina Pereira, Fernanda Martins de Souza Júlio, Michelli Evangelista do Nascimento e Osmar Teófilo Maia. As atividades têm como objetivo lutar pela igualdade racial junto aos grupos considerados marginalizados.
 
Segundo Michelli, a discriminação ainda é grande no país e em todos os setores da sociedade, mas o grande problema do racismo é que ele sempre é velado, e não declarado. "O tipo de racismo que o negro sofre no Brasil é o pior, e mesmo havendo mudanças, o racismo no país não dá as caras", diz.
 
De acordo com Érika Alves, a comissão atualmente está realizando uma parceria com a Secretaria Municipal de Ação Comunitária (Smac), com o objetivo de promover a conscientização sobre a igualdade racial junto à sociedade civil, às empresas e às organizações.
 
A questão do racismo é, na opinião da advogada, um tema que precisa de mais informação, diálogo, tolerância e orientação. "E mesmo que você não atinja a consciência e o convencimento da questão moral do que é correto, a pessoa que descrimina vai, de um certo modo, se conscientizar através de um dispositivo legal. E através da parceria com a Smac, a comissão também pretende atuar junto a escolas públicas, abordando o tema sobre a igualdade racial. Esta ação será feita através de mediação junto aos alunos de uma forma de bate papo com as turmas", explica.
 
Segundo a comissão, a discriminação racial ainda existe até mesmo em espaços educacionais, como nas escolas públicas. A advogada Miriam Camilo diz que já passou por esta experiência com a própria filha, de quatro anos. "A minha filha de apenas quatro anos um dia chegou em casa bem triste e comentou que estava sofrendo preconceito em relação a seu cabelo por parte de suas coleguinhas de sala. Isso me deixou bem triste, o que ela estava sentindo. Acredito que a mudança deve ocorrer na educação junto às crianças, pois uma criança não nasce racista, ela torna-se racista e isso depende do meio em que ela vive", lamenta Miriam.
 
Érika ressalta que as mudanças estão ocorrendo seja através de informações, diálogos e também da cota racial. "A cota, como muitos pensam, não diz respeito à capacidade, pois capacidade todos nós temos. A cota diz respeito à oportunidade. Ela permitiu mais acesso dos negros nas faculdades, por isso que é necessária. Existe para minimizar a desigualdade que existe na sociedade. Não acaba com a desigualdade racial, apenas foi criada para minimizar essa desigualdade", avalia.
 
E mesmo sendo uma cidade criada por operários vindos de todas as regiões do país, na visão da advogada Michelle, em Volta Redonda ainda há discriminação racial. "Na própria faculdade, muitos colegas meus se espantavam quando eu dizia que estudava Direito. E mesmo depois de formada, muitas pessoas ainda se surpreendem quando descobrem que sou uma advogada", revela Michelle.
 
Ações de racismo
 
De acordo com Érika, a comissão ainda não recebeu denúncias envolvendo racismo, quadro que ela espera reverter com maior divulgação da comissão e também através de parcerias. "Acredito que muitas pessoas ainda deixam de processar ou entrar com uma ação por desconhecimento de seus direitos ou por vergonha e constrangimento. Penso que as pessoas deveriam denunciar quando sentirem que sofreram injúria racial ou racismo", destaca.
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