11/04/2014 - 22:32

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Comissão fará relatório de abusos da PM em desocupação da Favela da Telerj

redação da Tribuna do Advogado

A Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ acompanhou, durante toda esta sexta-feira, dia 11, o processo de desocupação da Favela da Telerj, construída em um terreno abandonado, de propriedade da companhia telefônica Oi, localizado no Engenho Novo, Zona Norte do Rio. Segundo o vice-presidente do grupo, Aderson Bussinger, houve diversos excessos por parte da Polícia Militar e será preparado um relatório a ser entregue à Corregedoria da PM, à juíza Maria Aparecida Silveira de Abreu, que concedeu a liminar de reintegração de posse, ao Ministério Público e ao presidente da OAB/RJ, Felipe Santa Cruz.
 
"Registramos diversos abusos e vamos relatá-los. Mais uma vez os limites foram extrapolados", disse.
 
A retirada dos moradores teve início por volta das 5h da manhã. De acordo com Aderson, no momento em que a CDH chegou ao local o terreno já estava tomado pela PM e as pessoas já haviam sido retiradas dos imóveis. Ele contou que a aproximação foi dificultada por um cerco policial. "Demos a sorte de ter chegado de táxi e, por medo da confusão, o motorista ter parado do lado mais tranquilo. Graças a indicações de moradores, conseguimos entrar".
 
Segundo relatos, mesmo após a desocupação, moradores foram agredidos e detidos. "Recebemos diversos vídeos e depoimentos de moradores afirmando que, mesmo sem resistência, soldados do Batalhão de Choque quebraram pertences e agrediram pessoas. As prisões realizadas também foram abusivas", continuou Aderson, referindo-se às 21 pessoas levadas para a 25ª DP, todas já liberadas sem que fossem registradas queixas.  
 
Após a confusão, integrantes da comissão estiveram na UPA do Engenho Novo, onde conversaram com pessoas agredidas e puderam ver de perto a realidade de algumas pessoas agredidas. "Vimos crianças com marcas de balas de borracha nas pernas. Conversei ainda com uma mulher que teve o dedo dilacerado e com a mãe de um jovem que perdeu a visão no tumulto ao ser atingido por munição não letal", contou Aderson, antes de lembrar que todo o material produzido ou recebido pela CDH referente aos abusos cometidos nesta sexta-feira será compilado e entregue às autoridades competentes.
 
"Temos a obrigação de cumprir nosso papel e sempre defender o Estado Democrático de Direito", concluiu.
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