Mulheres são metade da advocacia brasileira e no estado do Rio são maioria, mas essa representatividade feminina vai sendo desidratada à medida em que se sobe a escala de poder nos escritórios. Elas ultrapassam os homens nos postos de entrada nas bancas como estagiárias e advogadas juniores, mas poucas sentam-se à mesa como sócias de capital. Em busca de chaves para reverter esse cenário, a Comissão de Direito Constitucional da OAB/RJ promoveu o seminário “Advocacia para todos: igualdade de mulheres e negros no mercado jurídico”, nesta quarta-feira, 21, na Seccional. A presidente do grupo, Vania Aieta, abriu os trabalhos. Neste mês comemorativo da advocacia, abrimos espaço para que os próprios colegas falem como vêem o problema e que tipo de providência a OAB poderia tomar para contribuir para melhorar as condições adversas que se apresentam”, disse Aieta. Na advocacia pública, ponderou ela, há uma política de cotas e outros instrumentos de fomento à participação de mulheres e negros, que, embora não atendam suficientemente ao que se deseja, representam um avanço. Mas no mercado de trabalho na advocacia privada, há um déficit acentuado na participação destes grupos. Para ela, a diferença salarial e de benefícios, por vezes nas mesmas funções , é mais um sintoma dessa desvantagem. “Uma mulher sócia num escritório de advocacia chega a ganhar cinco vezes menos do que um sócio. A questão ganha contornos ainda mais acentuados e mais perversos quando se trata de negros. A mulher negra sofre duplamente”, frisou Aieta. O painel que abordou a questão feminina foi composto pelas integrantes da comissão Luciane Martins Carneiro de Sousa, Marcelle Mourelle Perez Dias Borges, Anna Paula de Oliveira Mendes, Marianna Vieira Souza e Fabiana Dias. A mesa que tratou da forma como os negros são impactados foi formada pelos também membros Thiago Alves, Renata Westminster Shaw, José Agripino,Renan Figueiredo, Meg Cirilo e Aline Moreira.Advogada e sócia do escritório Daniel Advogados, Shaw falou da experiência como líder do projeto “Daniel Plural”, que oferece a empresas jurídicas opções de candidatos e fornecedores levando em conta a diversidade de perfis. “É preciso ver os vieses inconscientes que existem nas áreas de recrutamento e trabalhar em conjunto com esse time em busca de soluções”, ressaltou.