Cerca de 150 pessoas, entre moradores e representantes de organizações não governamentais, participaram ontem de uma audiência pública, organizada pela Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj, no Complexo do Alemão. O encontro aconteceu no Colégio Estadual Tim Lopes. Denúncias de supostos abusos de autoridade cometidos por militares do Exército e a falta de investimentos sociais nas favelas foram os principais assuntos discutidos. Na próxima semana, a comissão vai convocar uma reunião com o Ministério da Justiça e a Secretaria de Segurança, para discutir a atuação do Exército na comunidade. Após a audiência de ontem, a comissão da Alerj informou que decidiu entrar com uma representação nos tribunais de Conta do Estado (TCE) e da União (TCU) para questionar o destino de R$750 milhões que foram repassados para o Complexo do Alemão desde 2008. "O Exército está há um ano exercendo o papel de polícia. Não é aceitável essa militarização. O Complexo do Alemão não pode ser tratado como área militar", disse o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL). Operários do PAC foram acusados de desacato Em outubro deste ano, cinco operários das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) foram presos acusados de ameaça e de desacato a militares do Exército. Mesmo sendo trabalhadores com carteira assinada e sem antecedentes criminais, ficaram quatro dias presos e respondem a processo na Auditoria Militar da União. "Os militares, que estavam armados, acusaram os funcionários de terem ameaçado matá-los a tiros. É uma versão completamente absurda", disse o advogado Carlos Eduardo Cunha Martins Silva, do Instituto dos Defensores de Direitos Humanos.