22/08/2013 - 10:57 | última atualização em 22/08/2013 - 11:13

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Comando veta visita a DOI-Codi e Comissão da Verdade recorre a ministro

jornal O Estado de S. Paulo

Informados de que estão proibidos de visitar o quartel onde funcionou o Destacamento de Operações de Informações (DOI) do I Exército - centro de repressão da ditadura, localizado na Tijuca - os integrantes da Comissão da Verdade do Rio decidiram ontem pedir ao ministro da Defesa, Celso Amorim, que libere o acesso. Em caso de outra negativa, irão à Justiça.
 
A estratégia foi anunciada pelo presidente da comissão, Wadih Damous, depois de saber do general Francisco Carlos Modesto, chefe do Comando Militar do Leste, que somente o comandante da Força, general Enzo Peri, pode permitir a entrada no imóvel, onde hoje funciona o 1º Batalhão de Polícia do Exército (BPE). Na véspera, o comando já havia informado que não permitiria a visita. Alegava que, por ser estadual, a comissão do Rio não tem jurisdição na unidade, que é federal.
 
A comissão quer conhecer o local e pedir seu tombamento e transformação em centro de memória. "Esperamos que o ministro, que é um democrata, nos dê essa autorização. Caso isso não aconteça, seremos obrigados a recorrer ao Judiciário", afirmou Damous, recebido à tarde, pelo general, no Palácio Duque de Caxias - o antigo Ministério da Guerra.
 
"O Exército mostra uma resistência muito grande a passar a limpo o seu passado", afirmou Damous. O presidente da comissão lembrou que no DOI do Rio houve prisões, torturas, assassinatos e desaparecimentos políticos, nos anos 70. Entre os desaparecidos na unidade figuram o ex-deputado Rubens Paiva e o jornalista Mário Alves. O Estado apurou que, no encontro, o general Modesto indicou que o ministro Celso Amorim não cuida de questões internas do Exército.
 
De manhã, a comissão havia ido direto para o prédio da Tijuca mas só conseguiu ser recebida por cerca de vinte minutos pelo comandante do 1º-BPE, tenente-coronel Luciano Simões. Com Damous estavam o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP), os deputados estaduais Gilberto Pahnares e Robson Leite, do PT, e os ex-presos políticos Álvaro Caldas e Cecília Coimbra.
 
Embora cordial, o militar explicou que estava cumprindo ordens ao não autorizar a entrada nas instalações do antigo DOICodi. Na conversa, Álvaro e Cecília descreveram as torturas que sofreram ali. "Eu lamento profundamente", afirmou o oficial, segundo relato de Cecília.
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