21/05/2010 - 16:06

COMPARTILHE

CNJ vistoria sistema do TJ do Rio para apurar e-mail falso

CNJ vistoria sistema do TJ do Rio para apurar e-mail falso

 

 

Do jornal O Globo

 

21/05/2010 - Juízes e técnicos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) vistoriaram ontem o sistema de transmissão de dados do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

 

Eles querem saber as circunstâncias em que uma mensagem falsa, em nome de um jornalista do GLOBO, foi enviada no dia 10 de abril para os desembargadores do TJ. A equipe também tentou localizar o técnico de informática Thiago da Silva, apontado pela polícia como responsável pela fraude, mas ficou preocupada por voltar no fim do dia para Brasília sem encontrá-lo.

 

Ele também não tem aparecido para trabalhar. Thiago, em depoimento na sexta-feira, contou que criou o falso e-mail a pedido do desembargador Roberto Wider, corregedor-geral de Justiça afastado pelo CNJ.

 

Dois juízes e três técnicos do CNJ, especializados em segurança da informação, passaram o dia ontem no Rio em cumprimento à portaria do corregedorgeral do CNJ, ministro Gilson Dipp, para apurar a autoria e a motivação da fraude. Os juízes também tomaram depoimentos, mas os nomes das pessoas ouvidas não foram divulgados.

 

 

Empresa ameaça demitir técnico por abandono

 

Desde que prestou depoimento à polícia, Thiago sumiu. A Stefanini, empresa em que trabalha, informou, por sua assessoria, que, desde então, ele não aparece para trabalhar e "está desaparecido". A Stefanini tem tentado contactá-lo por telefone, também sem sucesso.

 

Ainda segundo a assessoria, a empresa está colaborando com as investigações, não tem interesse em manter Thiago como empregado caso seja comprovada a acusação, e está enviando hoje a ele um telegrama, pedindo que compareça à empresa, "caso contrário será alegado "abandono de emprego", medida padrão para desaparecimento após uma semana". A assessoria informou ainda que o email falso teria sido enviado da casa de Thiago, não da sede da Stefanini nem do local de trabalho dele no TJ.

 

No endereço de Thiago da Silva, ele não foi encontrado ontem. Vizinhos afirmam que ele se mudou para lá recentemente.

 

Procurado por telefone, o advogado de Thiago, Ronaldo Santos Silva, disse que não estava autorizado a falar por telefone sobre o cliente.

 

O e-mail falso foi enviado em nome de Chico Otavio, um dos autores de série de reportagens publicada no ano passado, na qual Wider aparece ligado ao lobista Eduardo Raschkovsky, acusado de vender sentenças para advogados, empresários e políticos. A mensagem falsa conclamava os desembargadores, com a "garantia do sigilo de fonte", a contribuir para uma suposta série do jornal que teria como alvo o desembargador Luiz Zveiter, presidente do TJ.

 

Roberto Wider nega a denúncia e diz que o técnico foi pressionado pela polícia a fazer a confissão. A investigação, se comprovar o envolvimento de Wider, pode resultar na condenação administrativa do desembargador.

 

O mesmo caso também é alvo de uma investigação iniciada pela polícia do Rio. A Justiça Criminal do Rio enviou o inquérito ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) - o foro indicado para investigar e julgar desembargadores.

 

Se for condenado pelo STJ, Wider, que nega qualquer envolvimento, poderá ser obrigado a abandonar a toga de forma definitiva.

Abrir WhatsApp