30/05/2014 - 15:53 | última atualização em 30/05/2014 - 16:13

COMPARTILHE

Cientista apresenta na OAB/RJ pesquisas de tratamento do autismo

redação da Tribuna do Advogado

Por pouco mais de duas horas na tarde desta quinta-feira, dia 29, austrócito, sinapse, IGF1 e reversão neural eram algumas das palavras mais ouvidas no salão nobre da OAB/RJ. Estranhos para os leigos em ciência, os termos ajudavam a explicar às famílias de pessoas autistas, advogados e estudantes os preceitos neurológicos da síndrome e, principalmente, indicavam que o caminho para a cura do autismo, doença que afeta cerca de 500 mil brasileiros e por muito tempo considerada incurável, está sendo percorrido com eficácia. À frente da plateia estava o pesquisador Alyson Muotri, que, em 2012, em conjunto com outros cientistas brasileiros, conseguiu transformar um neurônio autista em saudável, abrindo as portas para o desenvolvimento de uma droga eficiente contra a síndrome.
 
"Pensamos em um novo modelo para o estudo do autismo, a reversão neural. Conseguimos reconectar neurônios e restabelecer as atividades deles. Isso é um tapa na cara do determinismo genético", explicou o cientista otimista na tese de que "a cura do autismo é coisa para a nossa geração".
 
Paralelamente aos avanços obtidos pela pesquisa, uma lei instituindo a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista foi levada ao Congresso. A iniciativa da legislação participativa foi de Berenice Piana, mãe de um menino afetado pela síndrome e que há mais de 10 anos se juntou a outros pais com situações semelhantes em busca da garantia do Poder Público para tratamentos multidisciplinares, diagnósticos precoces e possibilidade de matrícula na rede regular de ensino, entre outras medidas. "Essa lei federal é o primeiro caso de sucesso em lei participativa", disse Berenice. Com relatoria do senador Paulo Paim (PT/RJ), a lei foi sancionada em 2012, mesmo ano em que a técnica da reversão neural foi adotada pela equipe de Muotri. "É preciso entender que, para quem viveu com a sentença do "não tem cura", [os avanços obtidos pela recente pesquisa] não têm preço", afirmou emocionada, repetindo a palavra que, junto com os termos científicos, esteve entre as mais faladas do evento: esperança.
 
A necessidade da criação de um centro de excelência de estudo e as alternativas na captação de recursos para pesquisa foram outros pontos discutidos no encontro e comentados também pelo presidente da Comissão de Defesa da Pessoa com Deficiência, Geraldo Nogueira, presente na mesa do evento. Ele falou sobre a aceitação da identidade em pessoas com deficiências e mostrou entusiasmo com a pesquisa desenvolvida por Muotri. "As células-tronco são a grande promessa", cravou.
 
Integraram a mesa, também, o vice-presidente da OAB/RJ, Ronaldo Cramer, responsável pela abertura da palestra; o presidente do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência, Andrei Bastos; o secretário geral da Comissão de Direitos Humanos da Seccional, Cláudio Sarkis e Gilson Moreira, advogado e pai de autista.
 
Abrir WhatsApp