29/11/2010 - 16:06

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'Bunkers' nas favelas não são invioláveis, diz Wadih

'Bunkers' nas favelas não são invioláveis, diz Wadih


Do site Terra

29/11/2010 - O presidente da OAB/RJ, Wadih Damous, afirmou, nesta segunda-feira, dia 29, que a a retomada, pelas forças de segurança, do Complexo do Alemão mostrou que quando o Estado quer, vence a criminalidade. Para Wadih, a cidade vivia sob um forte mito, sob o senso comum de que existiam nas favelas verdadeiros 'bunkers' incapazes de serem tomados. "Tudo foi tomado em pouco tempo, sem grande derramamento de sangue, o que demonstra o profissionalismo da Operação", disse.

Na avaliação de Wadih, agora é necessário serenidade para entender que os problemas da cidade não se resolvem apenas mediante intervenção policial, mas a partir de políticas públicas consistentes. Um dos problemas citados pelo presidente da OAB/RJ é o da corrupção policial. "Vimos bandos famélicos fugindo da polícia e portando armas de guerra. Mas a pergunta que deve ser feita é: como essas armas chegaram àquelas comunidades?", questionou.

Para ele, o governo precisa tomar medidas urgentes como a reestruturação da polícia, investimento em equipamentos e em dados de inteligência, melhoria dos salários e da situação de trabalho dos policiais. "O governo terá ainda uma longa caminhada. Esse foi um passo importante, mas não o definitivo. Não foi o último passo", afirmou.

A Operação no Alemão foi eficaz exatamente em razão da ação integrada do Estado, segundo Damous. "A combinação de forças policiais - militar, civil, federal e dos bombeiros - com as Forças Armadas, o Poder Judiciário, o Governo e a Prefeitura, mostrou um avanço imenso em termos de combate à criminalidade urbana", concluiu.

Violência

Os ataques tiveram início na tarde de domingo, dia 21, quando seis homens armados com fuzis abordaram três veículos por volta das 13h na Linha Vermelha, na altura da rodovia Washington Luis. Eles assaltaram os donos dos veículos e incendiaram dois destes carros, abandonando o terceiro. Enquanto fugia, o grupo atacou um carro oficial do Comando da Aeronáutica (Comaer).

Cartas divulgadas pela imprensa na segunda-feira levantaram a hipótese de que o ataque teria sido orquestrado por líderes de facções criminosas que estão no presídio federal de Catanduvas, no Paraná. O governo do Rio afirmou que há informações dos serviços de inteligência que levam a crer no plano de ataque, mas que não há nada confirmado.

Na terça, todo efetivo policial do Rio foi colocado nas ruas para combater os ataques e foi pedido o apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para fiscalizar as estradas. Ao longo da semana, Marinha, Exército e Polícia Federal passaram a integrar as forças de segurança para combater a onda de violência.

Desde o início dos ataques, o governo do Estado transferiu 18 presidiários acusados de liderar a onda de ataques para o Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná. Os traficantes Marcinho VP, Elias Maluco e mais onze presidiários que estavam na penitenciária de Catanduvas foram transferidos para o Presídio Federal de Porto Velho, em Rondônia.

Na quinta-feira, 200 policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) entraram na vila Cruzeiro, no Complexo da Penha. Muitos traficantes fugiram para o Complexo do Alemão. O sábado foi marcado pelo cerco ao Complexo do Alemão. À tarde, venceu o prazo dado pela Polícia Militar para os traficantes se entregarem. Dentre os poucos que se apresentaram, está Diego Raimundo da Silva dos Santos, conhecido como Mister M, que foi convencido pela mãe e por pastores a se entregar. Na manhã de domingo, as forças efetuaram a ocupação do complexo.

Desde o início dos ataques, até a incursão no Complexo do Alemão, no domingo, 28, pelo menos 38 pessoas morreram em confrontos no Rio de Janeiro e 181 veículos foram incendiados.

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