07/11/2009 - 16:06

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Beltrame lamenta ter dito que Rio não é violento

Beltrame lamenta ter dito que Rio não é violento

 

 

Do jornal O Globo

 

07/11/2009 - O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, divulgou ontem nota lamentando ter dito, no dia anterior, que o Rio de Janeiro não é violento. Ele havia afirmado, durante audiência na Câmara dos Deputados, em Brasília, que a cidade tem apenas núcleos de violência e áreas com índices de crimes europeus.

 

Apesar da declaração ter gerado críticas de especialistas, a análise das estatísticas do ano passado mostra que os registros de homicídios dolosos em alguns bairros da Zona Sul - com taxas entre dois e 12 assassinatos por grupo de cem mil habitantes - não está tão distante da realidade de cidades como Londres (1,9 por cem mil habitantes) e Nova York (5,1 por cem mil habitantes).

 

Na nota oficial divulgada pela assessoria de imprensa, "o secretário lamenta que, no ardor do debate, tenha dito que o Rio não é violento, etc, etc...

 

Há dois anos e onze meses no cargo, o secretário tem a exata dimensão dos problemas que enfrenta". Beltrame acrescenta que explicava que, não fosse a presença do narcotráfico armado com arsenal de guerra nos morros cariocas, a situação do Rio seria comparável com a maioria das metrópoles do país e do mundo.

 

O problema do Rio, diz a nota, é diferente, pois o Rio é o único esta do com disputa de território por facções, uso de fuzis e ideologia de enfrentamento.

 

A população civil acaba convivendo com situações críticas nestas áreas de conflito. Beltrame ressalta que "mesmo as pessoas que moram nestas áreas distantes dos conflitos também são vítimas do contexto por conta do trauma que tais eventos provocam".

 

Em outro trecho do documento, o secretário ressalta que a declaração dada em Brasília não tinha como objetivo "maquiar ou esconder os problemas da sociedade". Ainda de acordo com a nota, Beltrame fazia, na Câmara, considerações gerais sobre as polícias e a criminalidade na cidade.

 

Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) e indicadores da ONG Rio Como Vamos (RCV), referente ao ano de 2008, também comprovam que há, conforme disse Beltrame, diferenças entre as várias regiões da cidade. Prova disso são os números de regiões como a Pavuna, na Zona Norte, onde o número de homicídios dolosos chega a uma taxa de 51,9 por grupo de cem mil habitantes. Em Duque de Caxias, a taxa foi de 66,9 por grupo de cem mil habitantes.

 

Em Copacabana, a taxa gira em torno de dois por cem mil.

 

No ranking nacional, o Rio figura em quinto lugar em taxa de homicídio doloso, com 33 assassinatos por grupo de cem mil habitantes. Em primeiro lugar, segundo o anuário de 2008 divulgado na página do Ministério da Justiça, aparece Alagoas (66,2\/100 mil), seguido por Espírito Santo (56,7\/100 mil), Pernambuco (48,5\/100 mil) e Pará (39,8\/100 mil).

 

Ao ser perguntado sobre a declaração do secretário, o governador Sérgio Cabral disse que ele tem autonomia e apoio da população: - O Beltrame tem estratégia e tem autonomia para administrar a Secretaria de Segurança, fato que nunca aconteceu na história do Rio. É evidente que os resultados não são de curto prazo. Os resultados são de médio e longo prazo. Mas o secretário Beltrame, sem dúvida, tem o apoio da população do Rio.

 

Para a socióloga Julita Lengruber, diretora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Candido Mendes, é preciso considerar que a maior parte da população, cerca de 13 milhões de pessoas, vive na Região Metropolitana, onde os índices de homicídios dolosos giram entre 33 e 35,8 por grupo de cem mil habitantes. Ela admite que há algumas áreas muito específicas no Leblon, Ipanema e em parte de Copacabana onde é seguro e os índices de criminalidade são aceitáveis.

 

Mas ressalta que, como um todo, o Rio é muito violento.

 

Enquete feita na internet pelo GLOBO revelou que 82% dos 1.627 internautas que a responderam não concordam que o Rio seja seguro.

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