04/05/2012 - 10:28

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Ato em SP pede punição a crimes da ditadura

jornal O Globo

Dezenas de pessoas participaram ontem de um ato pedindo punição para os crimes da ditadura brasileira, na Rua Tutoia, bairro do Paraíso, zona sul de São Paulo. Eles fizeram o Ato pela Memória, Verdade e Justiça, em frente ao antigo Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), órgão subordinado ao Exército, de inteligência e repressão durante a ditadura militar. Hoje, no endereço, funciona o 36º Distrito Policial.
 
Fonte: site da Folha de S. PauloOs manifestantes carregavam cartazes com fotos de presos e desaparecidos políticos e faixas com os dizeres "Brasil, mostra sua cara". Os participantes pediam o início dos trabalhos da Comissão da Verdade e muitos demonstraram estar chocados com as declarações de Cláudio Antônio Guerra, ex-delegado do Dops, que relata no livro Memórias de uma guerra suja que pelo menos dez corpos de militantes teriam sido incinerados numa usina de açúcar, em Campos.
 
Ontem, a deputada Janete Capiberibe (PSB-AP) anunciou que Cláudio Guerra deverá ser ouvido pela Comissão Parlamentar da Verdade, ligada à Comissão de Direitos Humanos da Câmara. A deputada apresentará semana que vem requerimento para que o ex-delegado do Dops confirme aos parlamentares o depoimento que consta no livro.
 
"Deixo minha solidariedade às famílias dos companheiros que ousaram lutar nos anos sombrios da ditadura. E meu apelo para que a presidenta Dilma proceda à instalação da Comissão da Verdade", disse Janete.
 
A irmã de Fernando Augusto Oliveira, que teria sido incinerado na usina, Rosalina Santa Cruz, disse que a família não descarta a possibilidade de as informações dadas por Guerra serem verdadeiras, mas lembra que a família já recebeu várias notícias sobre o paradeiro dos restos mortais de Fernando, e até hoje não se sabe o que aconteceu: "A gente está cansada de informações que não são apuradas e não são levadas a sério".
 
A ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos) afirmou que, caso verdadeiras, as declarações de Guerra expõem métodos comparáveis ao nazismo. Rosário foi cautelosa ao comentar as declarações do ex-agente:
 
"São graves e trazem a público métodos comparáveis ao nazismo. Mas todas as declarações e outras podem e devem ser trabalhadas no âmbito da Comissão da Verdade", disse Rosário.
 
O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, o mesmo que defende o senador Demóstenes Torres no caso Cachoeira, disse ontem que acompanhou Guerra numa visita à usina de Cambahyba, em Campos, em 21 do mês passado, com a Polícia Federal, onde Guerra, segundo ele, já prestou depoimento.
 
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