03/05/2012 - 11:04

COMPARTILHE

Assassinato em frente ao Fórum da Barra

jornal O Globo

O advogado Benedito do Carmo Mangia, de 61 anos, dono de duas escolas no Recreio dos Bandeirantes, foi executado com um tiro no início da tarde de ontem em frente ao Fórum da Barra da Tijuca. Ele foi surpreendido quando chegava para uma audiência na 2 Vara Cível, na qual era réu num processo pela disputa de um terreno na Zona Oeste, numa região dominada por milícias. Benedito tinha sete anotações criminais na sua ficha policial e aparecia em 27 processos na área cível (em parte deles como réu) no Tribunal de Justiça do Rio.
 
Policiais da Divisão de Homicídios (DH) estiveram no local. Eles investigam duas hipóteses para o assassinato: a de crime passional ou ligado à atividade profissional da vítima. Benedito recebeu um único tiro na nuca. O autor do disparo o aguardava no local, estacionado em lugar proibido, depois de simular um enguiço no carro, que usou para fugir. Um veículo com as mesmas características do usado pelo assassino, segundo informaram testemunhas do crime - um Polo de cor preta, placa LNX-2227 -, foi encontrado próximo ao Hospital Lourenço Jorge, na Barra. Ele foi levado para a DH, onde será periciado.
 
Advogados da Barra da Tijuca ouvidos pelo jornal O Globo afirmaram que Benedito era mais conhecido por sua atividade empresarial, de proprietário de escolas, do que pelo exercício da advocacia. Eles também disseram que a vítima, com medo de sequestro e atentados, costumava andar em carros blindados.
 
"Estou estarrecido", afirmou o advogado Luciano Bandeira, presidente da Subseção da OAB na Barra da Tijuca, ao ser informado do crime.
 
Segundo Luciano, o assassinato mostra a falta de segurança em torno do Fórum da Barra, localizado num dos pontos mais movimentados do bairro, próximo a shoppings que recebem milhares de pessoas todos os dias.
 
"Estou preocupado com a segurança não só dos advogados que trabalham no fórum, como da população da cidade. Minha sensação é que os criminosos voltaram a agir, aproveitando-se da falta de policiamento na Zona Oeste. O Tribunal de Justiça deveria se manifestar", disse Luciano.
 
O presidente da OAB no Rio, Wadih Damous, afirmou que o assassinato preocupa. "Precisamos saber se o crime foi motivado por sua atuação como advogado ou se teve outras motivações", disse Wadih. "Estamos acompanhando o caso, esperando os primeiros passos da investigações policial".
 
Procurado pelo jornal O Globo, o presidente do TJ, desembargador Manoel Alberto Rebêlo dos Santos, não quis se manifestar.
 
Benedito Mangia era proprietário e advogado dos colégios Alfa Recreio e Carmo Mangia, que ficam no Recreio dos Bandeirantes. O delegado Rivaldo Barbosa, titular da DH, informou que até o final da noite já havia ouvido os depoimentos de quatro testemunhas. Segundo Barbosa, os depoimentos e as investigações seguiriam pela madrugada.
 
"Confirmamos que ele tinha sete anotações criminais", disse o titular da DH, que preferiu não detalhar quais crimes constavam na ficha do empresário, mas confirmou que pelo menos uma anotação era por estelionato".
Abrir WhatsApp