08/07/2011 - 16:06

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Artigo Wadih Damous: A paciência acabou

A paciência acabou


Wadih Damous*

"O Rio inventou uma nova forma de terrorismo", definiu bem Dona Maria de Assis, em Copacabana. De fato, a inacreditável sucessão de explosões em bueiros transformou o simples ir e vir pelas ruas da cidade em risco potencial à vida dos cidadãos e aos bens públicos e privados. Por muita sorte, ainda não houve mortes, mas pessoas se feriram. Resultado de anos sem a aplicação dos recursos necessários à manutenção e à modernização da rede, apontam peritos.

Não sendo capaz de adivinhar onde e quando a próxima tampa de bueiro irá pelos ares, o carioca tenta evitá-las por onde passa, sem deixar que o medo impeça o inesgotável senso de humor que já apelidou de "bin light" a concessionária de energia responsável pela rede subterrânea - um "campo minado", em outra boa definição popular. Mas a paciência, esta se esgotou.

Finalmente, a empresa teve que assinar um termo de ajustamento de conduta com o Ministério Público Estadual. Comprometeu-se a reformar mais de mil câmaras subterrâneas até dezembro e a instalar sensores de monitoramento eletrônico em quatro mil delas até 2013. Ou terá que pagar R$ 100 mil por cada tampa voadora que causar danos às pessoas e às propriedades.

A medida não chega a aplacar nossos temores, já que a localização das áreas reconhecidamente de maior risco não foi divulgada, sob a alegação de evitar pânico. Mas podemos e devemos exigir acompanhamento rigoroso de sua aplicação, temos esse direito e a Ordem o exercerá. Já multada por órgãos municipais e estaduais, a Light inexplicavelmente não o foi pela Aneel, agência reguladora com competência para fiscalizá-la e impor sanções ao descaso com seus clientes. Estes, se não pagam a conta, têm o serviço cortado.


Wadih Damous é presidente da OAB/RJ

Artigo publicado no jornal O Dia, 8 de julho de 2011

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