03/11/2009 - 16:06

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Artigo Wadih Damous: Frear a epidemia

Frear a epidemia

 

Wadih Damous*

 

 

Há mais de década, moradores de grandes cidades convivem com cada vez mais crianças e adolescentes jogados nas praças e calçadas, quase desmaiados ou se drogando e roubando para comprar uma pedra de crack a R$1. Mas foipreciso que uma jovem da Zona Sul do Rio fosse morta pelo amigo surtado que ela tentava ajudar a sair do vício para que autoridades de saúde pública e de segurança, cobradas, viessem dar explicações. E aí ficou assustadoramente clara a absoluta precariedade no atendimento aos dependentes, para tratá-los e tirá-los das ruas.

 

Ficou evidente a falta de estrutura nos hospitais públicos e de profissionais especializados, além de abrigos, quase inexistentes. O Ministério da Saúde admitiu o problema, "gravíssimo", e prometeu recursos para criar mais leitos. A prefeitura e o estado anunciaram a abertura de unidades para recuperação de dependentes.

 

O Judiciário dispôs-se a obrigar os dependentes à internação clínica na rede pública, mesmo contra a vontade, quando essa for a indicação dos especialistas.

 

Enfim, sob o impacto do drama das famílias exposto e da expectativa de que isso se torne cada vez mais frequente, todos parecem sair da passividade para buscar frear a epidemia.

 

Melhor assim. Mesmo que isso, neste caso, signifique apenas pequenos passos. Às medidas de repressão ao tráfico e de criação de uma estrutura de atendimento médico e social para suas vítimas - a maioria sem amparo familiar - precisam ser somadas outras iniciativas, como garantir a essas crianças educação e atividades esportivas - que têm se mostrado instrumentos de reinclusão e cidadania.

 

 

*Wadih Damous é presidente da OAB/RJ.

 

Artigo publicado no jornal O Dia, em 3 de novembro de 2009.

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