15/12/2009 - 16:06

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Artigo Wadih Damous: Deixemos o panetone fora

Deixemos o panetone fora


Wadih Damous*

O escândalo de corrupção envolvendo a mais alta autoridade pública do Distrito Federal não deixa hipótese de dúvida sobre a resposta urgente que deve ser dada: o seu impedimento de continuar a governar a capital da República. Ou a renúncia.

As cenas explícitas de corrupção, gravadas com autorização judicial, são graves demais. Extinguiram-se as condições políticas e morais de o governador José Roberto Arruda permanecer no poder. Ele deve ser afastado pela Câmara Legislativa até a decisão final da Justiça porque há risco real de contaminação de toda a administração.

Há mostras disso bem evidentes, exibidas pela imprensa, como a mobilização nada espontânea de servidores "liberados" do serviço para irem a um ato de apoio ao governador, montado por seus correligionários. E a absurda violência da Polícia Militar contra estudantes, resultando em pessoas feridas e pisoteadas por cavalos - parecia até que havíamos voltado à ditadura.

A sociedade, cada vez mais descrente da punição de corruptos, clama por justiça. E precisa receber das autoridades exemplos inequívocos de respeito à distinção do que é público e do que é privado.

E não serão medidas paliativas, como novas e mais duras leis para crimes de corrupção, o melhor remédio para restaurar nossa confiança. Projetos de lei tratando do assunto há vários no Congresso.

Acabar com a impunidade desses crimes - especialmente quando envolvem agentes públicos que desviam dinheiro público - agilizando o julgamento dos processos e punindo exemplarmente os culpados parece nos o melhor caminho para restaurar a credibilidade na Justiça.

Deixemos os pobres panetones fora dessa história.

 

*Wadih Damous é presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Rio de Janeiro

Artigo publicado no jornal O Dia, 15 de dezembro de 2009

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