08/02/2011 - 16:06

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Artigo Wadih Damous: Caminhos inteligentes

Caminhos inteligentes


Wadih Damous*

É muito bom saber que o índice de mortes violentas no estado está em queda, e que a taxa de homicídios registrada em 2010 foi a menor em 20 anos. Ainda são números inaceitáveis, ultrajantes - quase cinco mil assassinatos, ou 29,8 casos por 100 mil cidadãos - três vezes mais do que a Organização Mundial de Saúde considera o início de uma situação de violência epidêmica.

Continuamos sendo triste destaque no relatório anual sobre direitos humanos no mundo produzido pela organização Human Rights Watch. No Rio, três pessoas foram mortas, a cada dia, por policiais civis ou militares, segundo a entidade. Continuamos tendo a polícia que mais mata e que mais morre. A boa notícia é que esses números também estão em queda.

Mas animador mesmo é ouvir o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, defender firmemente como objetivo mudar a antiga lógica de confronto puro e simples - responsável pelas mortes de tantos inocentes - adotada há anos pelas polícias por outra, de prestação de serviços para a sociedade. É uma mudança importante, até porque cidadãos de bem ainda acreditam que a repressão, por si, é capaz de resolver problemas tão complexos como os do Rio de Janeiro.

A adoção de novos parâmetros vem confirmar o que a Ordem dos Advogados do Brasil vem pregando desde o início do primeiro governo Cabral, quando a letalidade policial alcançou seu auge. Denunciamos e criticamos abertamente a política do pé na porta, da criminalização da pobreza, de atirar primeiro e perguntar depois. Tínhamos razão.

As UPPs, os programas de formação de policiais e a premiação por metas alcançadas são, sim, caminhos inteligentes para vencermos tantos desafios, e graças aos recursos federais do Pronasci têm tudo para trazer mais segurança para todos, ricos ou pobres.


*Wadih Damous é presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Rio de Janeiro

Artigo publicado no jornal O Dia, 8 de fevereiro de 2011

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