24/02/2010 - 16:06

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Artigo: Tuitando nas asas da legalidade - Ana Amelia Menna Barreto

Tuitando nas asas da legalidade

 

Ana Amelia Menna Barreto*

 

 

Com a alternância de preferência das redes sociais, hoje se escuta o canto do Twitter. A ave azul que aqui gorjeia abriga revoadas de seguidos e perseguidos.

 

Superado o infantil target sobre o quê cada um anda fazendo, se compartilha acontecimentos e informações em tempo real, de qualquer lugar do mundo.

 

Como os brasileiros figuram no honroso quinto lugar da lista dos maiores usuários da ferramenta, receberam como afago a tradução para o português de algumas páginas.

 

A criatividade é infinita: usuários comentam sobre tudo, sobre o nada, divagam, avisam sobre a localização de blitz, mobilizam encontros e na porção consumidores enviam pios de protestos e denúncias. Políticos renunciam e (des)renunciam, artistas protegem seus anjos e formadores de opinião influentes começam a gerar receita.

 

As empresas ali se aninham para divulgar produtos, informar eventos, firmar parcerias, lançar campanhas e fidelizar clientes. Também contratam ronda virtual para monitorar sua reputação online.

 

Ocorre que aquele algo de podre no reino da web, já tão conhecido, começa a migrar para este micro blog. Tuiteiros mal intencionados criam contas falsas, contas clone, contas de protesto e contas difamatórias. Nomes de empresas e pessoas naturais são registrados por terceiros, clonados, resgates financeiros podem ser exigidos e um mercado negro se instala.

 

Já sobrevoa no tuiter o indesejável spam, o registro indevido de nomes, o uso de marca e de imagem de terceiros, casos de concorrência desleal, e por aí vai.

 

Ou seja, um dèjá vu de  práticas ilegais que agora migram para esse arquipélago.

 

A atenta administração tuiter publica seu regulamento e as regras a serem seguidas. Aceita registro de queixas e reclamações de violação de direito autoral, de uso de marca, de assédio e ameaças de violência.

 

Prometem suspender a conta de posseiros, de spamers, de filtradores de feeds de terceiros e de comerciantes de contas. E em porção bem brasileira fornece ajuda do “manual de cócoras” e do “relato de favela”.

 

Mas será que o Twitter conseguirá resolver internamente todos esses quiprocós? Vamos sugerir a criação do “espaço barraco” para abrigar um centro interno de resolução extrajudicial de conflitos.

 

Bem, se for preciso registrar denúncia, o help center só escuta em língua inglesa. E se o problema relatado não for resolvido, envie correspondência postal para a sede em San Francisco, Califórnia, USA.

 

Não temos dúvidas que essas questões passarão a sobrevoar o Poder Judiciário. Mas como o microblog ainda não se instalou no Brasil ainda se fará uso dos bons serviços prestados pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual.

 

 

*Ana Amélia Menna Barreto é advogada, professora de Direito e Tecnologia e editora do site www.nucleodedireito.com.

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