Suspeitas sem respostaWadih Damous*Onde está Juan de Moraes? Sua família e a sociedade têm o direito de saber o que aconteceu a este garoto de 11 anos que está desaparecido desde o dia 20, quando, a caminho de casa, teve a má sorte de se deparar com um tiroteio entre policiais militares e bandidos na Favela Danon, em Nova Iguaçu. Até agora, registra o noticiário, as autoridades moveram-se lentamente para responder às suspeitas da mãe do menino, e de testemunhas, de que os policiais do 20º Batalhão teriam baleado Juan e depois sumido com o corpo. Mais de uma semana depois do tiroteio, em que foram feridos também o irmão da criança, Weslley, de 14 anos, e Wanderson dos Santos de Assis, alvejado pelas costas, a polícia finalmente iniciou a perícia do local e recolheu amostras de sangue encontrado e cápsulas deflagradas. Não fosse a insistência das famílias, que encontraram voz na imprensa, e o respaldo da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, talvez o ocorrido terminasse por cair no esquecimento. Mas o irmão de Juan é firme ao garantir que, antes de desmaiar, o viu cair baleado ao seu lado. E os pais de Wanderson, que segundo policiais teria participado do confronto, não tiveram receio de se mostrar em entrevistas sustentando que o rapaz é trabalhador e jamais teve envolvimento com bandidos. Se foi uma ação desastrada da PM que teve por consequência inocentes feridos, não se sabe ainda, mas poucos estranhariam. Mas o que pensar do desaparecimento de Juan? Se ele tivesse sido alvejado por bandidos, haveria a preocupação deles de sumir com o corpo? Há muitas perguntas sem resposta, e a excessiva demora de se apurar o que aconteceu desperta desconfianças que as autoridades policiais têm o dever de esclarecer rapidamente. Wadih Damous é presidente da OAB/RJ. Artigo publicado no jornal O Dia, 30 de junho de 2011.