01/04/2009 - 16:06

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Artigo: Os fuzis e o Rio - José Carlos Tórtima

Os fuzis e o Rio


José Carlos Tórtima*

No dia seguinte à violenta refrega entre bandos de criminosos rivais que espalhou o pânico em cinco bairros da Zona Sul do Rio, o secretário de Segurança reconheceu que não tem efetivos para controlar todos os locais dominados pelo banditismo.

A declaração tem o inegável mérito da franqueza, virtude rara entre os homens públicos, mas revela aspecto assustador e peculiar ao Rio de Janeiro, que o torna, em matéria de segurança pública, um caso único dentre os demais estados. Apenas aqui, os criminosos se aproximaram do que se poderia chamar de um equilíbrio de forças com os dispositivos de segurança.

Isso significa que eles não chegam a ter pleno domínio das ruas, mas a polícia, por outro lado, como reconhece Beltrame, também não tem completo controle dos locais de onde os primeiros comandam suas atividades. E qual seria o diferencial que proporcionou esse avanço estratégico dos delinquentes cariocas em comparação com seus colegas dos outros estados, inclusive de São Paulo, onde atua o temido PCC?

Mais do que o déficit de efetivos e equipamentos das forças da lei, seguramente o problema reside no superávit de armas em poder dos bandidos, notadamente fuzis e granadas. Neutralizar um bastião do tráfico defendido por várias dezenas de bem adestrados "soldados" armados, como ocorre no Rio, é tarefa quase impossível, sobretudo considerando o obrigatório cuidado com inocentes.

Um sério trabalho de desmantelamento das redes de fornecimento desse material de guerra aos bandos armados do Rio de Janeiro, é, pois, tarefa prioritária das nossas autoridades.


*José Carlos Tórtima é presidente da Comissão de Segurança Pública da OAB/RJ

Artigo publicado no Jornal O Dia, 1 de abril de 2009

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