11/08/2009 - 16:06

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Artigo: O Leopardo e o Senado - Wadih Damous

O Leopardo e o Senado

 


Wadih Damous*

 

"Se quisermos que tudo fique como está, é preciso que tudo mude". A máxima do escritor italiano Giuseppe Tomaso di Lampedusa em sua obra magistral, "O Leopardo", parece se encaixar perfeitamente na triste fase do Senado, onde a guerra travada aos nossos olhos resume-se a um jogo, mero acerto de contas entre as elites.

 

Não se vislumbra, na Casa transformada em ringue de agressões e baixarias, campanha sincera pela moralização. Alguns dos acusadores de Sarney - que não reúne mais condições políticas de comandar o Senado - não passariam por uma lupa ética, apesar de atuarem como arautos da virtude.

 

Não desejam nem se movem para tornar possível o saneamento das práticas condenáveis, a correção de desmandos e favorecimentos que todos conhecem, há muitos anos.

 

Atacam porque Sarney não serve mais ao status quo, precisam que seja demonizado para distrair o público.

 

A população assiste a esse espetáculo de má qualidade com asco cada vez maior e espanto proporcionalmente menor. Seus atores afundam-se no lamaçal da política em minúsculas, mas não estão nem aí para o que interessa: a apuração, com a devida transparência, de tantas acusações.

 

O pior é que não se vislumbra, até as eleições de 2010, o fim dessa trama ruim, numa Casa que deveria dignificar o Legislativo e ser sinônimo de equilíbrio e da sensatez.

 

Essa é uma guerra para perpetuar velhas estruturas.

 

Aos cidadãos otimistas resta o poderoso instrumento das vaias da opinião pública. Que sejam ponto de partida para o que importa: limpar o Senado dos vícios de quem só quer se perpetuar no poder.

 

 

*Wadih Damous é presidente da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro.

 

Artigo publicado no jornal O Dia, em 11 de agosto de 2009.

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