11/07/2011 - 16:06

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Artigo: As migalhas... - Marcelo Chalréo

As migalhas...


Marcelo Chalréo*

O governador do Rio de Janeiro está sob suspeita. Suas viagens, ao menos as que se tornaram públicas até o momento, colocam o mais alto mandatário do Poder Executivo do estado em direto confronto com os princípios que regem a administração pública, inscritos no art. 37, caput, da Constituição da República. Particularmente os que dizem da impessoalidade, moralidade e publicidade.

Como se viu, tem uma agenda, dita privada, que esconde dos que lhe pagam o salário. A moral pública, exigida de todos, principalmente dos agentes do Estado, políticos ou administrativos, está seriamente conspurcada pelo chefe do executivo.

Da impessoalidade não há muito o que falar, pois ela é via de mão dupla, ou seja, não se escolhe e não se pode ser escolhido. São ônus do serviço público para todos os seus agentes, sem exceção. Se há bônus, há, correspectivamente, os encargos. De pouco serve dizer que é ou era amigo de fulano ou beltrano há décadas. Isso é irrelevante. Aliás, isso não se presta como defesa, ao contrário. No poder o homem público deve redobrar seus cuidados, e isso se estende a suas amizades e convivências. Tudo isso é agravado, e muito, muitíssimo, quando se sabe que os " amigos " do governador têm, por si e por suas empresas, relações várias e muitas com o Estado. São obras, renúncias fiscais,projetos e contratos pagos com o dinheiro público, do qual sua excelência deve ser o primeiro guardião.

Dito isso, é necessário, inclusive para que se esclareça de vez esse tipo de relação que ao menos em tese beira o promíscuo, que se investigue a fundo tais ocorrências, todas essas relações, que venham à luz do sol esses contatos, viagens, encontros, reuniões, contratos, pactos, etc etc.

Somente com uma investigação límpida e transparente, que deve ser informada ao público ( vulgo eleitores ), poderá se ter claro o que ocorre. É lamentável que um acidente fatídico tenha sido a circunstância que permitiu vir a lume esse tipo de relação, mas superada a dor dos envolvidos, os cidadãos cariocas e fluminenses precisam saber com quem anda o seu mor mandatário. Enquanto tudo isso não for esclarecido o manto da suspeição continuará pairando sobre todas e quaisquer ações provenientes do Palácio Guanabara. Não precisamos de migalhas para ter um bom governo.

 
Marcelo Chalréo é vice-presidente da Comissão de Direitos Homanos da OAB/RJ.

Artigo publicado no dia 11 de julho de 2011.

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