28/06/2010 - 16:06

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Aprovada lei contra a tortura no Rio

Aprovada lei contra a tortura no Rio


Do site do deputado estadual Marcelo Freixo

28/06/2010 - Foi uma votação histórica. Com 53 votos a favor, três contrários e uma abstenção, a Alerj aprovou na útlima terça-feira, dia 22, projeto de lei, de autoria do deputado estadual Marcelo Freixo, que cria um Comitê e um Mecanismo de Prevenção à Tortura no Estado do Rio de Janeiro. Em maio, a Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ recebeu representante da Organização das Nações Unidas (ONU) para discutir o tema.

Com a nova lei, a criação desses órgãos - uma demanda antiga dos movimentos sociais de direitos humanos - vai garantir o monitoramento permanente das condições existentes nas carceragens policiais, presídios, unidades sócio-educativas e manicômios. Hoje, essas unidades de privação da liberdade não contam com qualquer mecanismo eficaz de fiscalização dos direitos humanos.
 
"Tem alguém nesse momento sendo torturado no Rio de Janeiro. Hoje, há dificuldade de acesso das organizações de direitos humanos a esses locais, onde ainda a tortura ocorre de forma sistemática e sob a responsabilidade do Estado", disse Freixo.

"Há uma razão histórica para a criação desses órgãos. Não se trata de um projeto contra a polícia, a não ser para aqueles que partem do princípio de que a polícia vai, inevitavelmente, torturar. E não é essa a concepção de polícia que temos", afirmou o deputado, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj.
 
O projeto, proposto pelo deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), deve ser sancionado em breve - contou, afinal, com o apoio da base do governo estadual na Casa e do secretário estadual de Direitos Humanos, Ricardo Henriques. O PL recebeu também a assinatura dos deputados Jorge Picciani, presidente da Alerj, e Luiz Paulo Corrêa da Rocha, corregedor. A ONU e a internacional Associação de Prevenção da Tortura (APT) declararam o seu apoio ao projeto, durante audiência pública na Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj, em 25/5.
 
"Esse projeto é essencial, primordial, necessário. A criação do Comitê e do Mecanismo representa, pelo caráter de independência que será conferido aos novos órgãos, uma ação de vanguarda, que vai garantir transparência e um efetivo monitoramento das unidades de privação de liberdade", disse Sylvia Diniz Dias, delegada da APT para o Brasil.

"Os membros serão escolhidos por edital público, em processo amplo e participativo, e terão independência para agir", esclareceu Sylvia, sobre o fato de o Comitê e o Mecanismo não serem vinculados ao Executivo, mas, sim ao Legislativo.
 
O Brasil está bem distante de cumprir suas responsabilidades firmadas em acordos no plano internacional no enfrentamento da tortura. A situação piora ainda mais quando se sabe que o próprio Estado aparece como o responsável, especialmente nas instituições de privação de liberdade, como unidades policiais, penitenciárias, unidades sócio-educativas e manicômios. E terminou em 2008 o prazo para a criação no país de um mecanismo nacional, conforme previsto no Protocolo Facultativo à Convenção das Nações Unidas contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanas ou Degradantes, assinado pelo Brasil em 2007.

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