25/08/2016 - 11:15

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Após morte, polícia interdita duas clínicas de aborto no Rio

jornal O Globo

A Polícia Civil interditou ontem duas clínicas que realizavam abortos - uma em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e outra em Benfica, na Zona Norte do Rio. Nesta última, Caroline de Souza Carneiro, de 28 anos, morreu, após realizar um procedimento para interromper a gravidez de cinco meses, na última sexta-feira. O corpo da jovem foi encontrado, com um corte na barriga, em uma comunidade de Caxias, no mesmo dia.
 
A clínica em Benfica já havia sido interditada pelo menos duas vezes, segundo o delegado Wellington Vieira, titular da 21º DP (Bonsucesso), que investiga a morte de Caroline. Em 2013, foram presos no local um ex-PM, dono da clínica, um médico, uma anestesista e um policial rodoviário que fazia a segurança do lugar. Cinco mulheres - duas que haviam acabado de passar por cirurgia e outras três, grávidas, que aguardavam o procedimento - foram autuadas.
 
Caroline vivia em Paraíba do Sul, no Sul do estado, e trocou mensagens com o namorado, Fernando Lima, assim que chegou à rodoviária no Rio, na sexta-feira. Numa mensagem de voz, pouco antes de fazer o aborto, ela chegou a avisar que desligaria o telefone. Ele ainda desejou boa sorte antes de encerrar o contato.
 
Caroline foi enterrada no Cemitério de Paraíba do Sul. Parentes dela e Fernando já prestaram depoimento. Ele contou que Caroline conseguiu informações sobre a clínica na internet. Segundo o rapaz, a namorada buscou o local depois de tomar remédios para abortar, sem sucesso. Caroline teria dito que faria "uma loucura". Ontem, parentes e amigos lamentaram a morte da jovem em redes sociais.
 
Duas mortes em 2014
 
Há dois anos, outra morte após um aborto clandestino chocou o Rio: em agosto de 2014, Jandira Magdalena dos Santos Cruz, de 27 anos, desapareceu após ser levada à clínica onde realizou o procedimento, em Campo Grande. No ano passado, a Justiça determinou que os apontados como responsáveis pelo crime fossem levados a júri popular.
 
Menos de um mês depois, foi a vez de Elizângela Barbosa, de 32 anos, morrer após ser submetida a um aborto clandestino numa casa do bairro do Sapé, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio.
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