19/08/2010 - 16:06

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Anistia aprova indenização para família de Betinho

Anistia aprova indenização para família de Betinho

 

 

Do jornal O Globo

 

19/08/2010 - A Comissão Nacional de Anistia aprovou ontem o pedido de indenização apresentado pela família do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, motivado pela perseguição política que ele sofreu durante o regime militar. Além do pedido público de desculpas, feito durante o 4oSeminário LatinoAmericano de Anistia e Direitos Humanos na Câmara dos Deputados, a família do fundador do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) receberá mensalmente R$ 2.294,61 e mais R$ 207.738,69, que representam o valor calculado entre o pedido de anistia (2003) e a data do julgamento.

 

A viúva de Betinho, Maria Nakano, também receberá uma indenização mensal de R$ 1.205,12 e o pagamento retroativo de R$ 109.103, 53. De acordo com a Comissão, Nakano não pôde assumir o cargo de professora, após ser aprovada num concurso em 1970, porque havia contra ela uma ordem de prisão e era considerada foragida pelo Departamento de Ordem e Política e Social (Dops). Nakano comemorou a decisão, mas lamentou que só agora o Estado reconheça a luta de Betinho, que morreu em 1997, contra a ditadura.

 

"É incrível que estejamos neste ato depois de tantos anos. Não existe reparação suficiente, mas cada passo que se dá é positivo", disse Nakano.

 

Perseguidos repudiam decisão de rever indenizações O advogado Paulo Galvão ainda pediu que a indenização retroativa de Betinho seja contabilizada desde 1983, quando a família apresentou um pedido de anistia em comissão aberta pelo Ministério da Educação.

 

Betinho militou na organização marxista Ação Popular e foi um dos símbolos da campanha pela anistia. Esteve no exílio por nove anos, passando por Chile, Panamá, Canadá e México.

 

Outros oito pedidos de anistia também foram aprovados.

 

Na lista, a reparação ao diplomata Jom Tob de Azulay, que se afastou do Itamaraty depois de reproduzir nos EUA um vídeo com relatos sobre as torturas cometidas no Brasil. Com a decisão, ele retornou aos quadros da chancelaria. A comissão rejeitou o pedido de indenização.

 

O evento, que contou com a presença de centenas de perseguidos políticos que se emocionavam a cada aprovação, também serviu como ato de repúdio à decisão do Tribunal de Contas da União, que deve revisar os valores das quase dez mil indenizações aprovadas até hoje.

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