05/10/2011 - 13:01

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AGU ataca financiamento público de campanha

Jornal do Commercio

A Advocacia-Geral da União, órgão vinculado ao Palácio do Planalto, condenou ontem a aprovação do financiamento público de campanha. O modelo de custeio para as eleições é uma bandeira defendida pelo PT e pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A AGU criticou a proposta em parecer enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela presidente Dilma Rousseff. No documento, o órgão defende o papel das doações privadas nas eleições. O texto foi anexado à uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) ajuizada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A entidade pede a exclusão dos dispositivos que permitem doações por parte de pessoas jurídicas às campanhas políticas. O relator da ação é o ministro Luiz Fux.

A posição do governo deve orientar a base aliada na votação do projeto de lei de reforma política em tramitação na Câmara.

"Existe, no Brasil, um preconceito quanto às doações de pessoas jurídicas às campanhas políticas, havendo a tendência de se considerar tais doações como criminosas.

Há sempre a desconfiança de que as empresas doadoras estão comprando alguma vantagem futura. Contudo, tal premissa não se mostra cem por cento verdadeira. O financiamento dos partidos e das campanhas eleitorais por pessoas jurídicas não é uma atividade corrupta", afirma o documento da AGU.

Corrupção
Para os advogados da União, o aporte privado é a "garantia do pluralismo partidário" e evita a "hegemonia entre os partidos dominantes e de maiores representações". Sustentam ainda que as pessoas jurídicas são um segmento da sociedade e que retirar esta representatividade é coibir a participação política do eleitor. Outro argumento defendido pela AGU é o de que a vedação ao financiamento privado não garante o controle à corrupção.

"É necessário aprimorar os marcos regulatórios, os mecanismos e órgãos de controle", completa o jurídico do governo.

O documento da AGU tem 30 páginas e reúne manifestações dos advogados da Consultoria Jurídica e da Coordenação Geral de Processos Judiciais e Disciplinares, ligada ao Ministério da Justiça. Os argumentos e a base teórica da defesa, no entanto, são semelhantes e atacam os mesmos pontos. Contrária à medida cautelar, a AGU afirma que a relação entre os meios econômicos e poder político está entre os maiores desafios enfrentados pelas sociedades democráticas.

O ministro Luiz Fux notificou no mês passado todos os poderes a apresentarem manifestação na Adin. Para ele, a matéria tem inegável relevância social e efeitos na segurança jurídica.

O presidente da Câmara dos Deputados, deputado Marco Maia (PT-RS), defendeu a constitucionalidade das leis atuais e afirmou que a decisão sobre o financiamento das campanhas é política. "Pode-se até argumentar que permitir doações de grandes corporações a candidatos e partidos políticos não é boa política. Mas o fato de existir uma política melhor não equivale a dizer que a atual é inconstitucional.

A vida política soçobraria no direito constitucional", afirma o parlamentar, que considera incabível o pedido da OAB.

O parecer do relator Henrique Fontana (PT-RS) defende o financiamento público de campanha, a redução do período de mandato dos senadores de oito para quatro anos, a redução da idade mínima dos senadores de 35 para 30 anos, a realização de segundo turno para prefeito nos municípios que tenham mais de 100 mil eleitores.
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