31/07/2015 - 10:49

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Agência investigará caso de trem que passou por cima de corpo

jornal O Globo

O secretário estadual de Transportes, Carlos Roberto Osorio, disse ontem que acionou a Agetransp, agência reguladora do setor, para apurar as circunstâncias da morte do ambulante Adílio Cabral dos Santos numa linha da SuperVia, além de uma suposta omissão de socorro por parte da concessionária. 
 
Adílio foi atropelado por um trem às 17h de terça-feira, após pular um muro para vender balas na estação de Madureira. Em um vídeo gravado pelo passageiro Henrique de Oliveira, é possível ver um operador de tráfego fazendo sinal para uma outra composição passar por cima do corpo, que ficou sobre os dormentes dos trilhos.
 
"Falei com o presidente da Agetransp, e ontem mesmo (quarta-feira) foi aberto um procedimento de investigação. Nós queremos saber com detalhes toda a sequência de eventos que se deu nessa autorização para um trem passar sobre um corpo na via, o que é desumano", disse Osorio.
 
Ainda de acordo com o secretário, a Agetransp vai ouvir o Corpo de Bombeiros, que informou só ter sido acionado pela SuperVia às 19h15m para recolher o cadáver. Passageiros disseram que, no total, três composições passaram por cima do corpo, o que foi negado pela SuperVia.
 
"O caso será devidamente apurado. O centro de controle tem a visão de tudo que acontece no sistema, do que há em cada trilho. É ele que dá o comando ao maquinista. Se aquele trem estava irregularmente naquele trilho, alguma falha aconteceu. Nós precisamos entender quem deu a autorização para que o trem prosseguisse, mesmo com o corpo na via. Isso tudo será investigado pela agência independente, e a nossa determinação é que haja punição rigorosa para aqueles que causaram esse incidente, que é inaceitável", afirmou Carlos Osorio.
 
Por meio de uma nota, a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) descreveu o caso como uma "barbaridade" e cobrou uma investigação rigorosa. A morte de Adílio Cabral dos Santos, que tinha 33 anos, e a suposta omissão de socorro também estão sendo apuradas pela 29º DP (Madureira). De acordo com a Polícia Civil, maquinistas e operadores de tráfego deverão prestar depoimento hoje na delegacia. Imagens de câmeras de monitoramento do sistema ferroviário foram solicitadas à SuperVia.
 
Família sem assistência 
 
Ontem, a família de Adílio afirmou que não recebeu qualquer tipo de assistência por parte da concessionária. "Vamos ver que tipo de suporte podem nos dar. Até agora, ninguém nos procurou, não recebemos sequer um telefonema", reclamou um parente que aguardava a liberação do corpo da vítima no Instituto Médico-Legal.
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