27/05/2013 - 15:57 | última atualização em 27/05/2013 - 15:59

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Ação clandestina da Operação Condor foi monitorado pela Casa Branca

site do jornal Zero Hora

Caso emblemático da Operação Condor, o sequestro dos uruguaios Lílian Celiberti e Universindo Díaz, em Porto Alegre, também foi monitorado pela Casa Branca. 
 
Documento obtido por Zero Hora revela que as embaixadas americanas no Brasil e no Uruguai acompanharam a repercussão e os desdobramentos da ação clandestina perpetrada em novembro de 1978, na Capital gaúcha. 
 
Em uma página, o embaixador americano no Uruguai, Lawrence Pezzulo, descreve os passos do jornalista gaúcho Luiz Cláudio Cunha, então chefe da sucursal da revista Veja em Porto Alegre, testemunha do sequestro. 
 
Cunha recebeu uma denúncia por telefone, descobrindo que Lílian, seus dois filhos e Universindo estavam encarcerados em um apartamento na Rua Botafogo, no bairro Menino Deus. 
 
"O caso ganhou repercussão internacional com a cobertura da imprensa. Foi um exemplo de Operação Condor que deu errado, porque os sequestrados sobreviveram, o que não era o costume", destaca o jornalista. 
 
Parte do acervo repassado pela ONG The National Security Archive ao governo brasileiro, o documento é datado de dezembro de 1978, período crítico do sequestro. O informe foi distribuído em Washington e nas embaixadas de Buenos Aires, Brasília, Roma, Estocolmo e Haia, além dos consulados de São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. 
 
O texto traz o título Sequestro de refugiados políticos uruguaios no Brasil. Em seu relato, o embaixador Peluzzo diz que Cunha estava "acompanhando a história em Montevidéu", e aguardava a reunião dos chanceleres da Bacia do Prata, marcada para Punta del Este. 
 
O documento também cita uma entrevista do jornalista com Camilo, filho de Lílian, além de mostrar a preocupação do embaixador com a repercussão internacional da operação clandestina: "nós entendemos que, através de esforços da Anistia Internacional, o caso recebeu publicidade considerável na Europa". 
 
Para Cunha, que recontou a história de Universindo e Lílian no livro O Sequestro dos Uruguaios, o documento ajuda a mostrar a tentativa dos regimes do Brasil e Uruguai em acobertar a ação clandestina:
 
"Os Estados Unidos reconheciam, no calor dos acontecimentos, que havia um sequestro político no Brasil, coisa que as ditaduras do Brasil e Uruguai negavam".
 
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